"Sem a curiosidade que me move, que me inquieta, que me insere na busca, não aprendo nem ensino" (Paulo Freire).
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Jogo, Interação e Linguagem

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Entre o Brincar e a Brincadeira

JustificarEste é um texto que achei muito interessante, sobre o brincar e a brincadeira, produzido pelo especialisata Marcelo Cunha Bueno, Diretor Pedagógico da Escola Estilo de Aprender. Este texto pertence a revista Crescer de Julho/2010.
Aproveitem.

Ingrid.

Tenho muito cuidado quando o assunto é "o brincar". Muitos discursos presentes em escolas, famílias, professores e qualquer pessoa que pense sobre "uma infância" falam do brincar como se fosse "a condição" para "ser criança". Mais parece obrigação (quem não faz não é criança), do que uma experiência de vida, uma afirmação de vida. O brincar não é algo que seja da infância, como uma condição natural dela. A brincadeira é uma prática de viver, uma experiência poética de conexão com as coisas que se percebem, se sentem e se pensam sobre o mundo. é um convite para uma viagem, em sentidos diversos: dentro para fora, fora para dentro, daqui pra lá, de lá pra cá. Dessa forma, não está localizado na brincadeira, no jogo. Brincar é se relacionar com o mundo de uma forma sensível. A isso chamo experiência poética. E, nessa esperiência, brincamos todos: crianças, adultos, pais e mães, filhos e avós...
Não é uma vontade que nasce com a criança, mas é aprendida por ela. E, por ser aprendida, assim como qualquer coisa - por exemplo, ler e escrever - pode ser ensinada. Aprendemos a brincar quando alguém nos convida para essa vida-brincadeira. Gosto de pensar que muitas vidas cabem num brincar! Criança aprende a brincar quando percebe o mundo com seus sentidos. Quando observa, sente, escuta...degusta os acontecimentos cotidianos. Ser mamãe, ser papai, ser bombeiro é ser um pouco dos meus desejos, daquilo que ainda não sei. Existe o brincar com o brinquedo, o brincar de transformar o brinquedo, o brincar de se fantasiar, o brincar de jogar, o brincar falado, dançado, pulado, o brincar cantado, o brincar rodado. Há muitos brincares num brincar.
Mas precisamos tomar cuidado com essa idéia de que ensinamos a brincar. Muitas escolas colocam a brincadeira em um lugar sério, por isso, pedagogizam esse momento com brincadeiras regradas, com horários e espaços marcados. A criança aprende a brincar seriamente, o professor ensina a aprender seriamente. Há gente que diz que brincadeira é "estímulo". Inventam brinquedos educativos, como se houvesse algum que não fosse, que não provocasse uma ação educativa e cultural. Ninguém precisa do brinquedo repleto de cores, repleto de formas e propostas para aprender algo.
Os melhores brinquedos não querem dizer nada com suas formas ou propostas, apenas existem na imaginação de cada um! Nenhuma criança precisa de brinquedos cheios de penduricalhos e de especialistas para ser feliz!
Temos de entender que ensinar o outro é se dispor ao outro, é ser um pouco o outro. é se tranformar com o outro. E isso é brincar! é se relacionar! Brincar até sermos o que queremos ser...e mudar! Brincar para ler mundos, para inventá-los. Brincar porque é simplismente bom demais!
Proponho o nascimento de um ser brincante, algo entre o brincar e a brincadeira, algo entre a ação e a intenção, algo entre o que se aprende e o que se ensina. Uma criança brincante que escolhe ser professor, um adulto brincante que quer ser a princesa, a mãe brincante que quer ser mulher, e o filho brincante que só simplesmente quer...



Marcelo Cunha Bueno é diretor pedagógico da Escola Estilo de Aprender e emociona-se quando o assunto é o brincar. Ele lembra de quando era criança e ficava pra cima e pra baixo com seus brinquedos, recortando tecidos e fazendo castelos, cidades...





sexta-feira, 9 de julho de 2010

Apenas detalhes!

Olá pessoal!
Estou aqui registrando o nosso ultimo encontro da disciplina, que se realizou no dia 05\07\2010 no “terreno” do NDI (Núcleo de Desenvolvimento Infantil da UFSC). Foi muito bacana nos encontrarmos por lá e poder assim ter tido um diálogo com o professor de Educação Física e conhecido um pouco da sua proposta.
Eu pessoalmente não imaginava que essa proposta fosse tão rica. As brincadeiras aquáticas, nunca pude imaginar, as de descer morro a baixo, que se brincava antigamente então nem pensar, brincar de futebol de sabão, incrível, as ideias simplesmente me encantaram. Isso nos mostra que é possível um novo andamento, mas este tem que ser construído em parceria com os demais colegas e em constante diálogo entre eles e também os pais das crianças que se preocupam muito por compartilharem com a creche algo tão valioso: o cuidado.
Acredito que ficou bem visível o cuidado do professor ao pensar em cada detalhe que poderia talvez machucá-las durante a brincadeira. Justamente os detalhes que fazem toda a diferença, são eles também que exigem um tempo maior de planejamento e de uma reflexão mais elaborada. Segundo Cury “as grandes idéias surgem da observação dos pequenos detalhes”. Eu poderia aqui comentar muitos aspectos desta aula de encerramento do semestre, mas vou priorizar apenas alguns pequenos, grandes detalhes:
• A relação que se estabeleceu entre academia e NDI. Quantas vezes durante o curso fizemos isso? Desconsiderem o estágio.
• O momento de receber as crianças concretas e brincar com elas uma brincadeira da qual havíamos brincado antes na nossa condição de adulto. Gerou uma ansiedade, não é pessoal? Um fiozinho na barriga por não saber exatamente como ocorreria o desenrolar daquilo que foi planejado.
• A grande “sacada”: estabelecemos um fio condutor perfeito entre o circuito e a brincadeira, a casa do URSO. Ideias e mais ideias, uma bagagem obrigatória para Educação Infantil.
• É preciso lutar contra a resistência. Essas a meu ver são muitas, a dos colegas de trabalho, dos pais, e da gente não é turma? Naquele momento em que a responsabilidade coube a nós deu uma vontade de ficar mais de lado, não assumir nenhuma responsabilidade maior. Eu, por exemplo, pensei: “ah, vou ser o urso, tranqüilo, já sei como fazer, vai ser simples” depois acabei correndo tanto que deu até para dar uma emagrecida.
Assim poderia citar outros pequenos detalhes, mas acredito que estes já nos proporcionem uma boa reflexão. Espero poder ter contribuído com vocês um pouco, nem que seja apenas em “um” detalhe.
Agradeço a contribuição de todas no blog, aprendi muito com vocês e espero que tenham também aprendido alguma coisa comigo e agora é hora de curtir muito as férias, pois merecemos demais!
Mônica Riechel

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Reflexão da Brincadeira Em que se parece comigo?

Reflexão da Brincadeira Em que se parece comigo
Brincadeira apresentada pela colega Juliana Feijó

Em que se parece comigo?

A última brincadeira foi apresentada pela colega Juliana Feijó que no dia estava quase sem voz e contou com inúmeros palpites logo no começo da sua apresentação o que não auxiliou muito a nossa colega.
Acreditamos que esta brincadeira pode ser utilizada com crianças que tenham mais de quatro anos de idade, pois elas precisam de alguns conhecimentos prévios como o que é planta, bicho e outros.
Esta brincadeira pode ser apresentada para as crianças em sala de aula, assim aqueles dias de chuva vão sempre ter uma alegria, ou podemos aproveitar o espaço ao ar livre.
O grupo se envolveu e participou desta brincadeira, acredito que com as crianças pequenas o mesmo envolvimento pode acontecer. Mas é preciso que os profissionais expliquem as regras e sempre é bom fazer uma experiência para ter a certeza que todos compreenderam a brincadeiras. Adaptações referentes as idades das crianças sempre podem acontecer, assim como tornar a brincadeira um desafio quando percebemos que é possível.

Obrigada pela apresentação Juliana.

Referência:

KISHIMOTO, T. (1999). Jogo, Brinquedo, a Brincadeira e a Educação. São Paulo: Editora Cortez.

Acadêmicas:

Ana Sarah e Greicede Souza

Reflexão sobre o jogo Escravos de Jó

Acadêmica: Juliana Catherine Feijó

O jogo apresentado pela dupla foi bem aceito pelo grande grupo, por se tratar de uma brincadeira já conhecida de nossa infância para a maioria. Essa proposta não apenas trabalha com a musicalidade tão difundida por Huizinga, mas também a relação desta com os sentidos, em específico, a audição, a visão e o tato.
Como a letra da música, Escravos de Jó, tradiza pela dupla continha pequenas modificações em sua composição das conhecidas por outras alunas, como:

Escravos de Jó
Jogavam Caxangá
Tira, põe, deixe Zé Pereira ficar
Guerreiros com guerreiros
Fazem zigue, zigue, zá...
(essa foi a versão trazida pela dupla)

Escravos de Jó
Jogavam Caxangá
Tira, bota, deixe ele ficar
Guerreiros com guerreiros
Fazem zigue, zigue, zá...
(essa foi a versão conhecida pela maioria)


a turma, junto com a dupla decidiu ao invés de escolher um versão ou outra, unir as duas e ficou assim:
Escravos de Jó
Jogavam Caxangá
Tira, bota, deixe ele ficar
Guerreiros com guerreiros
Fazem zigue, zigue, zá...


No momento de relacionar a música e os passos da dança, não houve uma sincronia, e a proposta acatada foi relacionar a música cantada por nós e ao mesmo tempo bater palmas para que assim não perdêssemos o ritmo. Para facilitar o jogo, a turma foi dividida em dois círculos, um menor localizado no centro e outro ao redor do central.
No momento da brincadeira, as pessoas envolvidas tiveram que estar concentradas não só para acertar a letra da música, os passos, o ritmo das palmas, mas também para conseguir relacionar todos esses elementos juntos de forma sincronizada. Foi um desafio para o grupo, pois um dependia do outro para que a brincadeira desse certo, evidenciando a importância do trabalho em equipe e do respeito ao próximo, valores esses que devem ser trabalhados desde tenra idade.
Todos se divertiram, e como não havia perdedor X ganhador, pois ali todos tinham que se ajudar para que a brincadeira desse certo, trabalhar em equipe e auxiliar o próximo sempre que necessário, todos se sentiram vitoriosos ao final da brincadeira, pois cada um contribuiu ao longo do processo.
Uma excelente e divertida idéia, que pode ser aplicada em diferentes faixas etárias, em que ao longo da brincadeira surgiram dificuldades, como em qualquer atividade, mas principlamente soluções por meio de adaptações para a brincadeira, seja pela pequena mudança na letra da música, os dois círculos criados para melhor viabilizar o jogo, as mãos ritmadas, fazendo como que todos se expusessem em grupo, até as mais tímidas
.

Em Que se Parece Comigo?

Acadêmica: Juliana Catherine Feijó

Idade: 5 anos e acima

Descrição- Em que se parece comigo?
Um jogador se afastará e os outros escolherão uma pessoa, animal ou objeto para o "motivo".
Aquele que se afastou voltará e, ao redor do círculo, irá perguntando: "Em que se parece comigo?", se referindo ele a pessoa, animal ou objeto escolhido em segredo pelos outros. E cada um apresentará a semelhança entre "ele" e a coisa escolhida. O jogador tentará adivinhar, tendo o direito a fazer três tentativas. Se acertar, escolherá um companheiro para substituí-lo; caso contrário, afastar-se-á outra vez da sala para uma nova rodada.

Adaptação: A quantidade de vezes necessárias para o acerto, pode variar entre os grupos de menor idade.

Justificativa Teórica:
Compreendendo o jogo como uma ação voluntária da criança, Kishimoto afirma que não existe uma finalidade em si para o jogo, visando a criação ou um resultado final. O importante nesse processo é a brincadeira que a criança se propõe.
Quando ela brinca, não está preocupada com a aquisição de conhecimento ou desenvolvimento de qualquer habilidade mental ou física. (Kishimoto, 1996, p. 24)

Contudo, toda brincadeira/ jogo proporciona à sua maneira a aprendizagem e o desenvolvimento e cabe ao professor direcionar essa atividade para essa finalidade, sem se ater tanto ao cumprimento dos objetivos do planejamento realizado pelo professor.
A brincadeira deve ser valorizada por si só e deve-se ter claro que o jogo infantil auxilia no desenvolvimento da criança e consequentemente é um método natural de educação e instrumento de desenvolvimento, segundo Clarapéde (1956, p. 31).

Quando alguém joga, está executando as regras do jogo e, ao mesmo tempo, desenvolvendo uma atividade lúdica.
O jogo proposto promove não apenas o desenvolvimento de aspectos assinalados por Kishimoto, como afetivos, cognitivos, físicos e sociais da criança, mas amplia diversas áreas como a memória visual e associativa, em que Durante esse desenvolvimento da consciência do mundo objetivo, uma criança tenta, portanto integrar uma relação ativa não apenas com as coisas acessíveis à ela, mas também com o mundo mais amplo... (Leontiev, 1988, p. 121), ou seja, a brincadeira faz com que a criança exercite sua memória realizando associações não só com realidades presentes em seu cotidiano, mas também ampliando seu repertório, por meio desse exercício e pelas contribuições das outras crianças, que possam apresentar diferentes elementos.
A criatividade é trabalhada nesse jogo, pois a associação entre o animal/ pessoa/objeto escolhido e a criança exige do grande grupo utilizar recursos importantes que fazem parte do processo geral da constituição da criança (Rocha, 20. P. 69) como a criatividade, a imaginação, a fantasia para encontrar características similares à criança de forma que o grupo sem perceber passa a trabalhar em equipe, interagindo e trabalhando as inúmeras linguagens, como a verbal.


Referências

KISHIMOTO, Tizuco. O Jogo e a Educação Infantil. In: KISHIMOTO, T. Jogo, brinquedo, brincadeira e educação. 1996.
LEONTIÈV, Alexis N. Princípios Psicológicos da Brincadeira Pré-Escolar. In: VIGOTSKI, L.S; LURIA, A.R & LEONTIÈV, A. N. Linguagem, Desenvolvimento e Aprendizagem. São Paulo: Ícone, 2001.
ROCHA, Eloísa A. Candal. A pedagogia e a Educação Infantil. In: Revista Ibero Americana de Educação. n.22, Janeiro/Abril 2000. p.61-74.
VYGOTSKY, Lev Semyonovich. O papel do brinquedo no desenvolvimento. In: A Formação Social da Mente. São Paulo, Martins Fontes, 1991, p. 112, 114.

http://sitededicas.uol.com.br/jogo_criatividade2.htm