"Sem a curiosidade que me move, que me inquieta, que me insere na busca, não aprendo nem ensino" (Paulo Freire).
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Jogo, Interação e Linguagem

sábado, 20 de março de 2010

"Viva os noivos"

Acadêmicas: Gabriela de Amorim e Ingrid Sell Koerick

Idade: a partir de 4
Atividades a serem realidades antes de propor esta atividade: contação de histórias (pelo professor e estimular posteriormente que as crianças também contem histórias)
Tempo aproximado: 20 minutos
Material utilizado: cadeiras ou tapetes suficientes para cada jogador.
Descrição - Viva os Noivos: Neste jogo deve-se ficar atento para a história que esta sendo contada para saber o momento certo de trocar de lugar (ALULUÉ, 1998, p.85).
Primeiramente deve ser feito um grande círculo com as cadeiras ou tapetes. “Todos os jogadores ficam sentados, menos um que se coloca no centro” da roda e será o narrador da história.
“O narrador atribui a cada jogador, inclusive a si próprio, o papel de convidado para uma festa” de casamento (noivos, amigo, testemunhas, etc.), “tendo o cuidado para que haja, no mínimo, dois de cada tipo”.
“Uma vez atribuídos os papéis, o narrador começa a contar a história de uma festa imaginária. Cada vez que citar um tipo de convidado, os jogadores que representam esse personagem devem trocar rapidamente de lugar, pois o narrador tentará sentar-se em um dos que ficarem livres.
Se durante o relato o narrador diz ‘viva os noivos’, todos devem levantar-se de suas cadeiras, correr para o centro do círculo e dar um salto enquanto gritam ‘viva’, para logo voltar correndo, a ocupar uma cadeira” ou tapete.
“O jogador que ficar de pé deverá prosseguir a história. Se os jogadores forem muito pequenos, é conveniente que o adulto” (professor) “conte a história, em vez do jogador que ficou” de pé (ALULUÉ, 1998, p.85).

Justificativa Teórica
Para Kishimoto (1999, p.18) “Os brinquedos podem incorporar, também o imaginário preexistente”. No entanto, a brincadeira escolhida também possibilita esta relação, por estimular a concentração e imaginação das crianças. A imaginação é fundamental no momento de contar a história, para que ocorra coerência e que a criança lembre-se dos “convidados” e todos os outros integrantes do grupo devem estar prestando atenção para o momento certo de trocar de lugar ou de juntar-se a todos no centro da roda. Nesta brincadeira também é possível trabalhar a questão da partilha, com os pequenos, pois ocorrem as trocas de lugares e papéis durante o processo.
Uma variação desta brincadeira é “a toca do coelho”, que pode ser feita com os menores, onde cada um fica em uma cadeira ou tapete e no momento que é dito “coelhinho sai da toca” as crianças precisam trocar de lugar. Esta brincadeira pode também ser feita para trabalhar a solidariedade, pois conforme o tempo passa as “tocas” são tiradas e as crianças precisam dividir os seus lugares com os colegas.
Esta brincadeira expressa a real flexibilidade citada por Kishimoto (1999, p.26), onde “as crianças estão dispostas a ensaiar novas combinações de idéias e de comportamentos”, elas têm a possibilidade de criar e recriar as histórias, propondo trocas diferentes e dando “vivas” em diversos momentos.
Kishimoto (1999, p.27), ao representar as idéias de Fromberg (1987: 36) explicita que:

[...] o jogo infantil inclui as características: simbolismo: representa a realidade e atitudes; significação: permite relacionar ou expressar experiências; atividade: a criança faz coisas; voluntário ou intrinsecamente motivado: incorporar motivos e interesses; regrado: sujeito a regras implícitas ou explicitas, e episódico: metas desenvolvidas espontaneamente.

A brincadeira proposta e/ou sua adaptação, possibilitarão o movimento e exercício do corpo e da mente, a interação com as crianças e com o professor que deverá participar e observar a brincadeira. Assim, será possível realizar rupturas com a dicotomia corpo e mente e do alinhamento dos corpos, pois a criança poderá estabelecer relações entre o pensamento e a linguagem. Sendo possível chegarmos a proposta de Educação Infantil defendida por Rocha (2008, p. 112):

Na Educação Infantil, (...), o conhecimento não se orienta pelo conteúdo escolar sistematizado, e sim pelos processos gerais do desenvolvimento e aprendizagem da criança, tais como a linguagem, as interações e o jogo, que constituem as diferentes formas de expressão e manifestação infantis e, ao mesmo tempo, são as bases fundadoras da constituição do conhecimento pelas crianças. Essas bases é que nortearão os projetos de ação pedagógica, tendo em vista a diversificação e ampliação das experiências e conhecimentos, indicando as situações a serem organizadas e os níveis de sistematização a se chegar, sem que haja necessariamente um recorte disciplinar, pautado no ensino como mera transmissão.
Além de estimular as diferentes linguagens através da,
[...] análise das ações e reações das crianças diante do que é proposto pelo adulto contribui para perceber que suas práticas são constituídas pela simultaneidade de ações em que a participação corporal, gestual, cognitiva, motora, emocional, afetiva e individual se dá de forma indissociável (CERISARA, et al, 2002, p.4).


Referência Bibliográfica:
ALLUÉ, Josep M. O grande livro dos jogos. Belo Horizonte: Editora Leitura, 1998.
CERISARA, Ana Beatriz. OLIVEIRA, Alessandra Mara Rotta de. RIVERO, Andréa Simões. BATISTA, Rosa. Partilhando olhares sobre as crianças pequenas: Reflexões sobre o estágio na educação infantil. Florianópolis: Revista Eletrônica Zero-a-seis. n. 5. Janeiro/Julho de 2002. Disponível em: <http://www.periodicos.ufsc.br/index.php/zeroseis/issue/view/90>. Acesso em: 04 março 2010.
KISHIMOTO, Tizuco Morchida. O jogo e a educação infantil. IN: Jogo, brinquedo, brincadeira e a educação. 3.ed. São Paulo: Cortez, 1999. p.13-43.
ROCHA, Eloísa Acires Candal. OSTETTO, Luciana Esmeralda. O estágio na formação universitária de professores de educação infantil. IN: SEARA, Izabel Christine. DIAS, Maria de Fátima Sabino. OSTEETTO, Luciana Esmeralda. CASSIANI, Suzani (orgs). Práticas pedagógicas e estágios: diálogos com a cultura escolar. Florianópolis: Letras Contemporâneas, 2008. p.103-116.

Trabalho apresentado em: 15 Março 2010

sexta-feira, 19 de março de 2010

Crítica referente ao trabalho “Gato Mia/Cabra Cega”, apresentado por Juliane Mendes Rosa La Banca e Raquel de Melo Giacomini

O trabalho “Gato mia/Cabra cega”, das meninas nos interessou muito por vários motivos. Um deles foi ver que realmente deu certo com a nossa turma e todos se divertiram e puderam correr, brincar, coisa que não é muito comum dentro da sala de aula, principalmente quando essa sala de aula é de uma universidade. Isso nos fez lembrar assuntos estudados na disciplina de Educação Biocêntrica, baseada no sistema de Biodanza, criado por Rolando Toro. Segundo a página virtual do espaço biocêntrico Frater:


“A Biodanza é um sistema que visa possibilitar um processo de integração do ser humano em três dimensões relacionais: consigo mesmo, com as pessoas e com o ambiente em que vive. A metodologia de Biodanza possibilita a cada pessoa encontrar suas potencialidades através de exercícios lúdicos e instigantes.”


Levando tudo isso em conta, vemos o quanto é importante estimular não só o desenvolvimento cognitivo da criança, mas fundi-lo com o do corpo. Em outras palavras, para um aprendizado saudável deve-se tomar cuidado para não separar mente de corpo, pois ambos devem andar de mãos dadas no caminho do conhecimento.


A brincadeira do Gato Mia nos fez sentir (e provavelmente a turma toda sentiu o mesmo) o quanto fazia tempo em que não brincávamos de correr, de tentar perseguir alguém, simplesmente pelo fato de se divertir. E perdemos essas vivências maravilhosas porque nos foi dito que devemos passar 1/3 da nossa vida sentada em uma carteira, estudando, quando na verdade poderíamos estar aprendendo tudo o que aprendemos até hoje sem ferir o nosso próprio corpo.


Como futuras Educadoras devemos estar atentas para não reproduzirmos corpos disciplinados, submissos, "corpos dóceis"... Segundo Foucault (1987, p. 117-118)"corpos que se manipula, se treina, que obedece, responde, se torna hábil ou cujas forças se multiplicam." assegurar que as crianças tenham o direito de brincar e desenvolver-se por completo.


Como comentado em sala, o Gato Mia pode ser adaptado até mesmo para os menores, colocando a criança vendada no colo, e pedindo para achar o amiguinho. Acreditamos que as meninas apresentaram de forma coerente, com domínio do assunto e nos trouxeram uma brincadeira que pode sim ser aplicada para a Educação Infantil e com ampla opção de faixa etária.





Francieli Alves da Silva
Juliana Eleutério Ribeiro





REFERÊNCIAS:

FOUCAULT, Michel. Vigiar e Punir: nascimento da prisão; tradução de Raquel Ramalhete. Petrópolis: Editora Vozes, 1987.


http://www.biodanza.com.br/index_arquivos/Page439.htm

segunda-feira, 15 de março de 2010

“Gato Mia/Cabra cega”

Alunas: Juliane Mendes Rosa La Banca e Raquel de Melo Giacomini

“O movimento humano é um diálogo entre homem e mundo”
Gordjin (Pedagogo holandês)
Faixa etária: Acima de 3 anos
Descrição
Gato Mia: Tradicionalmente a brincadeira é realizada em um ambiente fechado e escuro no qual uma pessoa é escolhida para ser o gato. Essa pessoa deve ficar separada enquanto os outros participantes se escondem. Se não houver um ambiente totalmente escuro pode-se vendar os olhos do gato. Então depois que todos se escondem o gato sai a procura dos participantes até tocar em algum. Quando isso acontece ele deve perguntar: “Gato mia”, e então o participante encontrado deve responder com um miado. Dessa forma, o gato deve dizer quem é a pessoa, apenas reconhecendo sua voz. Se o gato acertar quem é a pessoa, o participante encontrado deverá ocupar seu lugar na próxima rodada, se ele errar deverá ser o gato novamente. Para que a brincadeira ocorra corretamente é preciso que todos os participantes fiquem em silêncio.
Cabra cega: Essa brincadeira pode ser realizada em ambientes fechados ou abertos. Um participante é escolhido para ser vendado, então é girado para que fique tonto, perdendo assim, sua noção de espaço. Enquanto isso os outros participantes se afastam fugindo daquele que está vendado. Quando o participante vendado consegue pegar alguém, este toma o seu lugar na próxima rodada.
Justificativa

Essas brincadeiras foram escolhidas por promoverem diferentes formas de utilizar os sentidos, possibilitando uma ressignificação da percepção do mundo pela criança. Tradicionalmente a pedagogia costuma negligenciar as manifestações do corpo nos espaços escolares, porém acreditamos que a criança apreende o mundo a sua volta como um todo, sem separar a mente e o corpo. Nesse sentido Elenor Kunz (2007, p.17) afirma que:
... a criança se envolve sempre de corpo inteiro na atividade e por isso percebe o mundo ao seu redor de forma também mais global, e menos definido, talvez mais caótico, mais é experiência de uma totalidade que vai se estruturando cada vez mais para dar formas definidas e mais detalhadas. Portanto, o brincar como forma de um “interpretar/compreender-um-mundo-pelo-agir” (Tamboer) passa a ser de fundamental importância no seu desenvolvimento.

Dessa forma, as duas brincadeiras se assemelham por permitir que a criança interaja com o ambiente e seu grupo utilizando outros sentidos, sendo privadas da visão. Considerando os diferentes contextos, objetivos e faixas etárias a serem trabalhadas, pode-se realizar adaptações às brincadeiras, como por exemplo, a troca do reconhecimento pela audição para o tato. Enfim, novas regras podem ser acrescentadas ou modificadas segundo as necessidades do grupo e a criatividade do professor.
Outro fator interessante dessas brincadeiras é a sua característica tradicional pois vêm sendo transmitida de geração a geração, tendo inclusive algumas variações dependo das regiões onde são praticada. Sendo assim é ressaltado não só o aspecto lúdico, bem como o cultural, pois brincando a criança se aproxima das manifestações de sua comunidade, constituindo sua identidade cultural local. A apropriação de um elemento da cultura permite que a criança não só reproduza a tradição aprendida, mas se identifique com ela, e a modifique. Ainda esclarecendo sobre esse tipo de brincadeira, Tizuko Kishimoto (1996, p.38) acrescenta que:

A brincadeira tradicional infantil, filiada ao folclore, incorpora a mentalidade popular, expressando-se, sobretudo, pela oralidade. [...] Por ser um elemento folclórico, a brincadeira tradicional infantil assume características de anonimato, tradicionalidade, transmissão oral, conservação, mudança e universalidade.

Concluindo, ressaltamos o aspecto social da brincadeira, pois, “brincar não é uma dinâmica interna do indivíduo, mas uma atividade dotada de uma significação social precisa que, como outras, necessita de aprendizagem. (BROUGÈRE, 1998, p. 01)”. Assim, em se tratando do ambiente escolar, é fundamental a intervenção do professor na condução e observação das brincadeiras, mas também é importante que ele reserve momentos para o brincar espontâneo, estimulando a criatividade e imaginação da criança.


Referências
BROUGÈRE, Gilles. A criança e a cultura lúdica. Rev. Fac. Educ., São Paulo, v. 24, n. 2, July, 1998.
HILDEBRANT-STRAMANN, Reiner. Textos pedagógicos sobre o ensino da educação física. Ijuí: Unijuí, 2005.
KISHIMOTO, Tizuco Morchida (org.). Jogo, brinquedo, brincadeira e a educação. São Paulo: Cortez, 1996.
KUNZ, Elenor. Educação Física: A questão da Educação Infantil. In: GRUNENNVALDT, José Tarcísio [et al.] Educação Física, Esporte e Sociedade Temas Emergentes. São Cristovão: Universidade Federal de Sergipe, Departamento de Educação Física, 2007.

Trabalho apresentado em: 08/03/2010