"Sem a curiosidade que me move, que me inquieta, que me insere na busca, não aprendo nem ensino" (Paulo Freire).
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Jogo, Interação e Linguagem

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Reflexão Crítica sobre a brincadeira "O Gato e O Rato"

Acadêmicas: Grayce Helena Inácio e Maria de Fátima Clasen

“O Gato e o Rato” na versão apresentada pela dupla foi muito significante para pensar a relação das brincadeiras com os sentidos, neste caso a audição e a visão.
A ideia de vendar o gato para que este só possa procurar o rato pelo som do chocalho que o rato carrega consigo é uma ótima saída para “aguçar” os sentidos, mas ao mesmo tempo parece um tanto desleal com o gato, pois o rato além de não ser vendado tem a opção de enganar o gato fazendo o barulho do chocalho a certa distância de onde na verdade está. Por isso, é de suma importância a mediação do professor para deixar claro as regras do que pode ser feito ou não para que o gato persiga o rato.
A brincadeira envolve as pessoas que estão na roda a partir do momento em que estas servem para delimitar o espaço, porém, como discutido em sala, pensamos que a ideia de propor alguma atividade para as pessoas que ficam de fora (não são nem o gato e nem o rato) seria interessante. Como por exemplo, dançar ciranda, pois assim, toda a turma estaria entretida, não correndo o risco de dispersão e desinteresse pela brincadeira.
Talvez a inserção de uma história, por exemplo, fosse interessante para manter a participação de todos e até mesmo para acontecer à troca dos personagens gato e rato, afinal, nem sempre o gato pega o rato rapidamente e, trocar os personagens de tempo em tempo seria interessante para o envolvimento de todos como “personagens centrais”. Acreditamos que com as crianças essa troca também seria muito interessante, porque algumas crianças não têm a mesma agilidade que outras e poderiam ficar frustradas por não conseguir pegar o colega, por isso, com a troca de pessoas para serem os personagens o interesse e a empolgação com a brincadeira seriam mantidos.
Esta brincadeira, além de estimular a os sentidos, trabalha também a questão da coletividade e da cooperação, na qual as pessoas da roda acabam ajudando o gato e/ou o rato. Enfim gostaríamos de ressaltar que a brincadeira apresentada pelas colegas da turma, é dinâmica, abarca a questão dos sentidos, da coletividade, de estratégias, sendo uma brincadeira flexível e que pode ser adaptadas dependendo do interresse do grupo.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

O Gato e o Rato

Jussara Araujo
Sandra Bernardo


Origem da expressão: Brincar de Gato e Rato

Embora a origem da expressão se relacione à perseguição dos gatos aos ratos, não foram os bichos que tornaram famosa a frase. No começo do século 20 a vida política da Inglaterra estava restrita aos homens. E muitas mulheres começaram a lutar, algumas vezes de forma violenta, para garantir o direito ao voto. Muitas delas acabavam presas. Na cadeia, faziam greve de fome. Para evitar que as ativistas morressem e dessem um mártir ao movimento, o Parlamento instituiu o "Ato de Soltura Temporária de Prisioneiros Doentes". Determinava que prisioneiras doentes ou enfraquecidas fossem libertadas e, assim que se recuperassem, voltassem para trás das grades. Pela semelhança com o jeito de os felinos brincarem com a presa, exercitando sua superioridade, a medida logo se tornou conhecida como "Ato do Gato e Rato".


Fonte: Blog Tudo é História.


Trama e Formato do desenho: Tom e Jerry

O centro da trama se baseia geralmente em tentativas frustradas de Tom de capturar Jerry, e o caos e a destruição que se segue.

Tom raramente consegue capturar Jerry, principalmente por causa das habilidades do engenhoso ratinho, e também por causa de sua própria estupidez. As perseguições são eletrizantes e sempre vêm acompanhadas por boa trilha sonora. Também são utilizadas diversas armadilhas e truques que no final não dão resultado satisfatório como bombas e ratoeiras, coisas que são fundamentais na rivalidade entre o gato e o rato.


NOSSA BRINCADEIRA:

O gato e o rato

Fonte: Jogando com os sons e brincando com a música II, interagindo com a arte musical.

Autora: Vânia Ranucci Annunziato


Descrição da brincadeira:

1. As crianças formam um círculo de mãos dadas;
2
. Dois alunos que representam o gato e o rato permanecem dentro do círculo;
3
. O gato, de olhos vendados, e o rato, com um chocalho na mão;
4
. O rato faz soar o chocalho e foge do gato que, atraído pelo som, persegue o rato até o alcançar;

5. Quando o rato for apanhado pelo gato, ambos escolhem os seus substitutos.


Faixa etária das crianças: a partir de 4 anos de idade


Número de participantes: de 15 a 25 crianças


Justificativa teórica:

Quando resolvemos apresentar a brincadeira o “gato e o rato” pensamos no desenho animado do Tom e Jerry, que as crianças gostam muito. Na história de Tom e Jerry existe rivalidade, perseguição, captura, disputa, desafios e competição.


É por meio da brincadeira que a criança vai-se apropriando do mundo que a cerca, as atividades lúdicas, mexem com a imaginação das crianças.


A brincadeira do “gato e o rato” oportuniza também à criança várias formas de se expressar: o movimento dos corpos, os gestos e a linguagem. A criança compartilha o espaço, se socializa, se integra no grupo e aprende, aprendendo a brincadeira.


Winnicot “afirma que a brincadeira é a melhor maneira da criança comunicar-se, ou seja, é um instrumento que ela possui para relacionar-se com outras crianças. Brincando, a criança aprende sobre o mundo que a cerca e tem a oportunidade de procurar a melhor forma de integrar-se a esse mundo que já encontra pronto ao nascer” (1975 p.78).


Portanto o brincar na educação infantil exerce uma função essencial no progresso educacional da criança, pois este ato implica de forma prazerosa e significativa na construção de sua personalidade. É nos primeiros anos de vida que a criança irá compreender e se inserir em seu grupo, construir a função simbólica, desenvolver a linguagem, explorar e conhecer o seu ambiente.


Brougère, afirma que “O brincar não é uma qualidade inata da criança, brincar não é uma dinâmica interna do indivíduo, mas uma atividade dotada de significação social precisa que, como outras, necessita de aprendizagem”. A criança aprende a brincar nas primeiras interações lúdicas entre a mãe e o bebê, à medida que passa a interagir com a mãe, a criança vivencia outras possibilidades de brincadeira. Ela as experimenta, às vezes solitariamente, antes de incorporá-las. Assim se confirma o que Brougère chama de cultura lúdica: “conjunto de regras e significações próprias do jogo que o jogador adquire e domina no contexto de seu jogo”. Entendemos assim que fica clara a centralidade da questão cultural. Para que a brincadeira aconteça, faz-se necessário que os sujeitos envolvidos compartilhem referências sócio-culturais. Se não existe cumplicidade, o jogo não acontece. Brougère (1998).


É nesse compartilhar de experiências que Vygotsky fala da relevância da brincadeira no desenvolvimento infantil. A zona de desenvolvimento proximal “distância entre o nível de desenvolvimento real, solução independente de problemas, e o nível de desenvolvimento potencial, por meio da solução de problemas, sob a orientação de um adulto ou em colaboração de outras crianças mais capazes” (Vygotsky apud Rego, 1998 p.73).


Vygotsky, alerta para a importância de se oferecer às crianças múltiplas experiências: “quanto mais aprenda e assimile, quanto mais elementos reais disponha em sua experiência, tanto mais considerável e produtiva será a atividade de sua imaginação”.


Isto mostra a importância do aprendizado na brincadeira e de sua relevância no meio social. (Vygotsky apud Rego, 1998 p.79).


Kishimoto concorda com Brugére e Vygostky quando diz que o jogo - brincadeira proporciona o desenvolvimento dos aspectos afetivos, cognitivos, físicos e sociais, contemplando várias formas de representação da criança, valorizando também suas múltiplas linguagens.


De acordo com nossos teóricos o jogo/brincadeira sempre será uma atividade que proporciona desenvolvimento e aprendizagem.


Comparando o desenho de Tom e Jerry, percebemos que assim como na brincadeira do gato e o rato que escolhemos para apresentar existe perseguição do gato pelo rato, as manifestações de violência, na caça de um animal ao outro, como a fuga do rato estão presentes em quase todas as histórias, desenhos e nas brincadeiras de disputa.


Desta forma recorremos novamente a Brougère


A brincadeira de guerra permite passar simbolicamente pela experiência da violência sem sofrer suas conseqüências. Este é o interesse da brincadeira. Onde existe violência real (e não simples agressividade) não existe mais brincadeira. As crianças sabem distinguir perfeitamente, a verdadeira briga da brincadeira (Brougére 2008, p. 80).


Assim, através desta brincadeira, além da representação de uma situação de violência, a criança ainda lida com o medo, a perseguição, com uma situação imaginária assumindo os papéis de gato e rato, começando a entender e separar o que é fazer o bem e o que é fazer o mal, interage com seus colegas, brinca e aprende.


Considerando o que estudamos e com base nos textos, para que a criança brinque, é necessário que haja um tempo e um espaço onde ela sinta confiança para experimentar, e para inventar.


Uma componente interessante na versão deste jogo é a musical. Estudos apontam para que existe um aumento da capacidade de concentração e do raciocínio matemático em quem aprende sons e ritmos desde cedo.


Esta brincadeira tem varias versões, como já foram apresentadas outras versões buscamos uma versão diferente das apresentadas até então.


Outra versão do Gato e o rato:

  1. As crianças formam uma roda de mãos dadas.
  2. Na primeira rodada, duas das crianças são escolhidas ou pedem para ser o gato e o rato.
  3. O rato fica dentro da roda, e o gato do lado de fora.
  4. Tanto o gato quanto o rato podem andar à vontade em seu espaço.
  5. Uma das crianças será a porta.
  6. Outra criança será o relógio.
  7. Para começar o gato pergunta para a porta: Seu ratinho está?
  8. As crianças respondem: Não ele foi comer queijo!
  9. O gato pergunta para o relógio: A que horas ele volta?
  10. O relógio responde o horário que quiser, por exemplo: 6 horas.
  11. Então as crianças começam a rodar e o senhor gato vai perguntando: Que horas são?
  12. As crianças respondem: 1 hora. E assim seguem as perguntas do gato e as respostas da roda.
  13. Quando chega o horário determinado o gato pergunta: Seu ratinho está?
  14. As crianças respondem: Está.
  15. O gato pergunta: Pela porta ou pela janela?
    1. Se a resposta for pela porta, ele só poderá passar pela criança que é a porta.
    2. Se a resposta for pela janela, as crianças da roda erguem os braços e o gato poderá passar por qualquer lugar.
  16. A brincadeira recomeça quando o gato pega o rato.



Referências Bibliográficas


ANNUNZIATO, Vânia Ranucci - Jogando com os sons e brincando com a música II, interagindo com a arte musical.


BROUGÈRE, Gilles. A criança e a cultura lúdica – Revista da Faculdade de Educação.vol.24 n.2 São Paulo July/Dec.1998.

BROUGÈRE, Gilles.
Brinquedo e Cultura. São Paulo, Cortez, 2008.


REGO, Tereza Cristina. Vygotsky: Uma perspectiva histórico-cultural da educação. 17ª.ed.Petrópolis, RJ: Vozes, 1995.


KISHIMOTO, Tizuco. O Jogo e a Educação Infantil. In: KISHIMOTO, T.
Jogo, brinquedo, brincadeira e educação. 1996.


WINNICOTT, D. W. O brincar e a realidade. Rio de Janeiro: Imago, 1975.


VYGOTSKI, L. S. A formação social da mente”. São Paulo: Martins Fontes, 1998.