"Sem a curiosidade que me move, que me inquieta, que me insere na busca, não aprendo nem ensino" (Paulo Freire).
RSS

Jogo, Interação e Linguagem

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Reflexão Crítica sobre a brincadeira Ciranda...


Nos passos da roda da dança, no círculo que move e remove reminiscências, temos a configuração de um ritual de entrega, de encontro além da palavra: com os outros, com diferentes culturas e tradições, com o mistério. Bernard Wosien, o precursor do movimento conhecido como danças circulares sagradas, dizia: “Ao dançar, o mundo é de novo circulado e passado de mão em mão. Cada ponto na periferia do círculo é ao mesmo tempo um ponto de retorno” (WOSIEN, 2000, p.120). Hoje, a prática das danças sagradas dos povos contempla diferentes tradições e culturas, como as da Grécia, Israel, Países Bálticos, Bálcãs, América do Sul, entre outras. (OSTETTO, 2006, p.03)

A Brincadeira trazida pelo grupo caracteriza-se como uma dança, uma brincadeira de roda, que está intimamente ligada a nossa cultura e tradição. Trazemos aqui a citação de Ostetto sobre as danças circulares, a fim de contextualizar sua importância na cultura, e como uma dança que envolve diversos aspectos e sensações de quem entra na roda, e ao mesmo tempo, deve ser dançada pelo dançar, brincada pelo brincar, ponto enfatizado em nossas aulas a respeito das brincadeiras.

Primeiramente, é uma brincadeira que não possui regras explícitas, permitindo uma descoberta corporal mais livre, possibilitando a participação das crianças respeitando também o ritmo de cada um. Ao mesmo tempo, a roda depende de cada participante para continuar girando, e cada um a sua maneira leva a roda, que aos poucos toma um equilíbrio inexplicável.

A brincadeira de roda, por envolver a música e dança, favorece as experiências com as diferentes linguagens, possibilitando vivências de diversas formas de expressão. Além disso, as músicas, de um modo geral, fazem parte da tradição oral de cada cultura, e este é um momento de resgate de manifestações populares, valorização da cultura e ampliação do repertório cultural das crianças no que diz respeito à musicalidade.

Por fim, destacamos Kishimoto (1996, p. 24), que afirma […] O que importa é o processo em si de brincar que a criança se impõe. Quando ela brinca, não está preocupada em com a aquisição de conhecimento ou desenvolvimento de qualquer habilidade mental ou física[…]. Da mesma maneira na roda, os participantes não estão, ou não devem estar, preocupados em aprender algum conhecimento, mas na experiência da dança em si.

Camille Escorsim e Jéssica Abreu

2 comentários:

Anônimo disse...

Ananda Maria Maciel

Gostei muito da reflexão das meninas, trazendo também para o contexto da brincadeira proposta a questão das danças circulares sagradas, que eu não conhecia, mas que passei a me interessar muito, por causa das pesquisas para fazer este trabalho. Enquanto eu estava pesquisando, pude refletir que a utilização do corpo, com movimentos e canções em conjunto, como forma de veneração à vida e às divindades, é tão antiga como a História da própria civilização humana. Pode ser observada nas mais diversas sociedades religiosas, desde a egípcia, a hebraica, a mulçumana, a grega, até as tradições místicas nórdicas e célticas de cultos femininos à deusa Terra, os europeus da Idade Média, os povos africanos, aborígenes, indígenas, indús, e chineses.
Tal como escreveu Bernard Woisin,"apenas compor a circunferência da roda já constitui uma criação". Desta maneira, dançar não é apenas repetir passos, é uma das formas do homem viver, "a dança acontece quando já não existe música e coreografia, quando já não nos preocupamos com os passos, quando os pés já sabem o que fazer e nos conduzem pelo tempo." (VALLE, 2008, p 1). Dançar é o encontro do humano com o divino, o sagrado.
Assim como a Sandra relembrou as canções tradicionais do cancioneiro popular português, também destaco aqui a importância de conhecermos mais as canções que fizeram parte do repertório de tradições e brincadeiras dos nossos pais e avós, pois é um meio de reunir novamente os elos que nos ligam às gerações passadas. Lembro com certo saudosismo e grande carinho, as canções da infância da minha mãe, cantadas por ela nas nossas brincadeiras e para o embalo na hora do soninho. Lembro também de ter muito espaço para soltar pipa, correr, fazer casinha, comidinha de barro e mato e estar ao ar livre, coisa que não se vê mais entre as crianças de hoje em dia. Daí a importância de resgatarmos na escola, como espaço privilegiado de ampliação dos repertórios, essas brincadeiras tão queridas e tradicionais. Termino com um trecho de uma música MPB, que fiquei conhecendo enquanto pesquisava sobre o trabalho. Vale para ajudar a refletir!

Circular (Camila Costa)

"É circular a imensidão,
é circular...
É circular a palma da mão,
é circular...
A solidão, o silêncio,
a partida, o Sim e o Não,
o cordão, grão da vida, e a missão
de chegada e saída,
é circular."

Francieli Silva disse...

Falando sobre a importância da música e como as crianças adoram brincadeiras que envolvam músicas, lembrei que durante a aula de “Literatura Infantil e Infanto-Juvenil” recebemos a visita da autora Marta de Martins. Marta nos contou que escreveu um livro chamado: “Brincar de Verdade” e cita algumas brincadeiras infantis e criou um “poema amoroso” para cada uma, não para fazer um resgate das brincadeiras, mas para resgatar o sentimento contido no ato de brincar.
Não estou querendo vender o livro, mas no livro tem um CD com as poesias gravadas em musicas e Marta cantou algumas para nós e são muito legais, vale à pena manusear o material e quem sabe no futuro com as crianças usá-lo....

Disponível no site da Editora de Marta de Martins:
http://www.livrariacucafresca.com.br/site/?p=45

Postar um comentário

Olá!
Seja Bem vindo!
Seus comentários são muito importantes para a continuação deste Blog!
Sinta-se à vontade para deixar suas sugestões e comentários.