"Sem a curiosidade que me move, que me inquieta, que me insere na busca, não aprendo nem ensino" (Paulo Freire).
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Jogo, Interação e Linguagem

domingo, 25 de abril de 2010

Reflexão crítica sobre a proposta Arranca-Rabo do Macaco

“Existem jogos nos quais a própria atividade não é agradável, como por exemplo, predominantemente, no fim da idade escolar, jogos que só dão prazer à criança se ela considera o resultado interessante” (VYGOTSKY, 19991, p.121).


Em relação ao resultado da brincadeira, acreditamos que essa foi satisfatória para todos, pois pudemos participar da elaboração das regras. Além disso, conseguimos construir e desconstruir a brincadeira diversas vezes, experimentando as diferentes possibilidades e dando abertura para que todos pudessem opinar. Acreditamos que essa deve ser uma posição a ser incentivada com as crianças, para que elas se sintam pertencentes à brincadeira, criando as regras do jogo e recriando outras com o andamento da brincadeira.


À medida que refletíamos sobre a finalidade daquela brincadeira, muitas questões apareciam, como por exemplo, sobre a distinção entre jogo e brincadeira, se a brincadeira tem que ter um caráter pedagogizante, ou um caráter de incentivo a solidariedade, as emoções, etc., podendo o professor dar um sentido diferente de acordo com as necessidades do grupo. Mencionando Kishimoto (1999, p.15), ela nos diz que “A variedade de fenômenos considerados como jogo mostra a complexidade da tarefa de defini-lo”, pois cada cultura pode definir aquela atividade como jogo ou não, além disso, “No Brasil, termos como jogo, brinquedo e brincadeira ainda são empregados de forma indistinta, demonstrando um nível baixo de conceituação desse campo” (KISHIMOTO, 1999, p.17).


Em relação à primeira questão, ainda estamos construindo reflexões sobre estes conceitos, pois alguns autores como já vimos, conseguem defini-los indistintamente, outros entretanto vêem estes conceitos como sendo um só. Em relação à segunda questão, Kishimoto (1999, p.37). indaga se “O brincar, dotado de natureza livre, parece incompatibilizar-se com a busca de resultados, típicas de processos educativos. Como reunir dentro da mesma situação o brincar e o educar?”


Por meio de reflexões com o grupo, percebemos que a brincadeira não deve ser compensatória e sim deixar a criança brincar livremente, pois através da brincadeira a criança desenvolve seus potenciais, sem que seja preciso colocar uma finalidade e direcionar a brincadeira à todo momento.


Acadêmicas: Aline Aparecida da Silva

Maria Dal Prá

Referência Bibliográfica:

KISHIMOTO, Tizuco Morchida. O jogo e a educação infantil. IN: Jogo, brinquedo, brincadeira e a educação. 3.ed. São Paulo: Cortez, 1999. p.13-43.

VYGOTSKY, Lev Semenovich. O papel do brinquedo no desenvolvimento. IN:________. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1991. P. 105-118.

2 comentários:

Fernanda disse...

Realmente concordo com o fato da criança brincar livremente sem ter que haver uma pedagogização da brincadeira.. a brincadeira por si só traz muitos aspectos interessantes e positivos que se desenvolverão nas crianças sem precisarmos intermediar essas relações. Também podemos trabalhar a brincadeira para resolver alguns aspectos que notarmos no grupo e tal mas nada que seja obrigatório. De acordo com as diretrizes curriculares nacionais para a Ed. Infantil, a criança tem direito à brincadeira e interações que são dois eixos norteadores da prática pedagógica na educação infantil e que promovem diversas outras experiências como promover o conhecimento de si e do mundo, favorecer a criança a se situar nas diversas linguagens, possiblidades de recriação, incentivar a curiosidade, encantamento, etc.

Gabriela de Amorim disse...

Comento aqui porque acredito que o post da reflexão contemple resumidamente, um pouco dos nossos debates e angústias referentes ao tema da disciplina “Jogo, interação e linguagem” e como disse Fernanda (no comentário acima) na Educação Infantil temos como “conteúdos” as três categorias brincadeira, interação e as múltiplas linguagens. Acredito na importância de retomarmos estes “conteúdos” que têm sido alvo de inúmeros debates também na disciplina sobre o cotidiano da educação infantil.
O comentário da Fernanda (no post da brincadeira) nos ajuda a imaginar como as crianças pequenas agem diante das diferentes propostas e como elas se dedicam ao mundo da imaginação (faz-de-conta). Já o comentário da Camila (no post da brincadeira) me fez recordar o quanto as crianças gostam de inovações nos critérios de eleger vencedores e perdedores. Digo isso porque durante as Gincanas do projeto social do qual eu participava, nosso grupo de voluntários buscava eleger outras características do grupo para definir as pontuações. Explico melhor: ao término de uma brincadeira que exigia competição, força física ou outras habilidades, contávamos para as crianças qual o grupo que havia sido pontuado e explicávamos a pontuação, por exemplo, o grupo mais unido para executar a tarefa, o grupo que soube ajudar as crianças menores (pois se tratava de um grupo misto de 1 a 15 anos), etc... e as crianças gostavam destas regras de pontuação, que variavam e elas esperavam ansiosas pelas surpresas de cada brincadeira, afinal algumas brincadeiras elas já conheciam, mas nós proporcionávamos um novo olhar sobre ela.
Achei muito interessante a proposta do comentário da Flora (no post da brincadeira) de sugestão ao(s) grupo(s) de detalhar nos posts as descrições das variações realizadas por nosso grupo em sala, pois assim teremos nossos registros enriquecidos e teremos enfatizado a noção de mudança nas propostas, desfazendo o pensamento do pronto, ou do único modo de se brincar uma brincadeira.
Como me estendi demais, gostaria de finalizar com o reforço da colocação de Juliane e Raquel (no post da brincadeira) para que não esqueçamos que, nosso papel como professoras é possibilitar as brincadeiras, de diferentes formas mas, sobretudo sem esquecer nosso importante papel de mediadoras.

Parabéns ao grupo que nos trouxe esta rica proposta!

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