Uma turma grande, vontade de fazer diferente e muitas ideias. Assim iniciamos o semestre 2010/1 da disciplina Jogo, Interação e Linguagem, da sétima fase do curso de Pedagogia – aprofundamento em Educação Infantil - da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
A proposta inicial era de se fazer uma disciplina diferente, que proporcionasse mais interação entre a turma e priorizasse a participação do grupo na construção de um processo de ensino-aprendizagem colaborativo. A temática abordada, como bem demonstra o nome da disciplina, nos incitava a uma proposta que fosse além da reflexão tão somente teórica. Sem contar que a grade de quatro aulas corridas era convidativa para propor algo mais prático. Assim surgiu a ideia de que uma experiência com mídias na educação poderia ser o fio condutor, na prática, de todo esse processo. Processo este que pretendo descrever abaixo, documentando os passos dados pelo grupo na construção deste blog e convidando a todos que quiserem continuar a participar do mesmo. O semestre acabou, mas continuaremos no ar, em algum lugar dessa blogosfera, contando ao mundo o que construímos juntas em um semestre de aulas.
A proposta
Cada dupla, semanalmente, deveria apresentar ao grupo uma brincadeira. Poderia ser uma brincadeira tradicional, já conhecida ou não pela turma, ou uma brincadeira inventada. A cada dia uma outra dupla era sorteada para fazer uma reflexão sobre a proposta das colegas. Vale ressaltar que essa reflexão era feita em conjunto com a turma toda, já que todas tinham uma ideia diferente ou uma experiência para contar, mas a dupla sorteada ficava responsável por postar as ideias no blog (quem não era sorteado, deixaria sua opinião nos comentários).
Esses momentos de socialização foram ricos para discutir não só as sensações que a brincadeira proporcionava, mas também as teorias que discutíamos na primeira parte da aula. Afinal, jogo é diferente de brincadeira? Brincadeira tem que seguir um padrão de idade/desenvolvimento da criança? Como propor determinado jogo para crianças muito pequenas? E crianças com necessidades especiais? Quem já propôs isso aos seus alunos? E se a brincadeira fosse de outro jeito, com outra proposta...? E apesar de nem sempre parecer visível, cada dúvida, cada questionamento que surgia nos mostrava o quanto estávamos evoluindo em nossos pontos de vista, na nossa reflexão crítica, na busca do conhecimento, que não é estanque e está sempre em movimento.
Como montamos o blog?
Foi proposto ao grupo a criação de um blog coletivo, no qual deveriam estar presentes as reflexões feitas na sala de aula (propostas de brincadeira, análise delas, comentários, etc). Algumas alunas se propuseram a criá-lo e produzir um layout inicial (Jujuba). Depois, as modificações foram surgindo com outras contribuições, como as de Gabriela (meninas, indiquem nos comentários outros nomes se houver!). O grupo todo tinha acesso à edição do blog e poderia fazer modificações a qualquer momento. O acompanhamento técnico do blog foi assumido pela Gabriela, que sempre trazia alguma sugestão para as dúvidas que apareciam na turma (postagens, marcadores, edição de fotos e vídeos, etc). E, apesar de não entrar na reflexão como proposta central da disciplina, vivenciamos na prática uma proposta de mídia-educação, no sentido de refletir sobre as tecnologias no decorrer de seu próprio uso, em um contexto caracterizado como sala de aula (com direito à oficina sobre blogs, com conteúdo disponível no nosso blog).
O processo
Como tudo era novidade, tanto para as acadêmicas quanto para a professora, surgiram, inevitavelmente, questionamentos e ansiedade quanto à avaliação do semestre. Afinal, o sistema é colaborativo, mas a universidade exigia uma nota final. Pontuamos alguns elementos que deveriam ser levados em conta no decorrer do semestre (pontualidade no post é realmente necessária? Como é o tempo do blog, deve ser o mesmo de um trabalho tradicional de disciplina? Como fica a linguagem da redação: formal, informal? E as citações?), mas o que ficou mais evidente no final do semestre é que todo o processo deveria ser visto como parte de um todo, da construção coletiva de um semestre inteiro. Não foi fácil e com certeza teríamos feito algumas coisas diferentes se já tivéssemos passado por essa experiência. Mas como o aprendizado da experiência sempre vem depois, fica a lição e as ideias para os momentos que ainda estão por vir.
O fechamento
A última aula não estava prevista no início do semestre e aconteceu por conta da sugestão de uma das alunas (Regiane). Falamos tanto de crianças durante o semestre, ficamos supondo como seriam as brincadeiras se fossem propostas a elas - essas crianças imaginárias que não sabíamos ainda como dialogar -, até que surgiu a ideia de irmos ao NDI (Núcleo de Desenvolvimento Infantil - UFSC), conhecer o trabalho do professor de Educação Física, o Giba, e quem sabe, ter contato com as crianças que frequentam aquela instituição de ensino.
Por surpresa, a ideia inicial foi bem além do que pensamos! Depois de ouvirmos do prof. Giba o relato de como acontecia a Educação Física no NDI (como bem descrito pela Monica neste post), a turma se deparou com diversos materiais utilizados nas aulas de Educação Física e um convite para brincar com as crianças. Vamos planejar juntas uma tarde com elas?
Aí bateu a insegurança: como tanta gente junta vai planejar uma tarde de brincadeiras para um grande grupo de crianças? Pois é... a turma não só planejou como colocou na prática! Foi proposto um circuito cheio de desafios (árvores, colchonetes, escorregador no morro, túnel, cordas...) que culminava em uma das brincadeiras propostas no decorrer do semestre, “Acorda Sr. Urso”. Em seguida foram propostas outras, como Gato e Rato. Naquele momento nossas “crianças imaginárias” foram bem presentes e acho que foi possível, mesmo que brevemente, constatar na prática como seriam aquelas brincadeiras vivenciadas pelo grupo apenas entre adultos. Uma experiência e tanto!
Bom, o post já ficou longo demais, mas esse era o relato que gostaria de fazer antes de iniciar o próximo semestre. Fica o convite para quem quiser participar, dar sugestões ou simplesmente navegar pelo blog. Como muitas das brincadeiras propostas nas aulas tinham como fonte a internet, eis aí a nossa contribuição de agrupamento de algumas brincadeiras para quem quiser acessar, pesquisar, enfim, refletir sobre a importância da brincadeira na vida das crianças!
3 comentários:
Prof...
Estava sentindo falta de seu fechamento.
O semestre foi mesmo muito bom, todas as dificuldades de nosso caminho, nos fizeram crescer. Como futuras professoras devemos estar preparadas, pois estaremos diante de crianças de verdade, que esperam de nós alguma coisa, pois como adultas, nós devemos ensiná-las algo.
Parabéns pelas aulas, aprendi muito.
Olá prof....
Assim como a Ingrid, posso afirmar que aprendi muito neste semestre.
O processo de aprender a importância da brincadeira e dos jogos foi sendo delineado ao longo do semestre e a disciplina optativa que fiz, denominada “Educação & Mídias” e ministrada pela Professora Dulce Márcia Cruz, instigou-me em saber mais sobre o universo dos Blogs. Optei também nesta disciplina a apresentar um trabalho sobre esta mídia (pois poderíamos escolher qualquer mídia, estudar sobre ela e apresentar ao grande grupo).
Esse trabalho foi realizado em dupla com minha amiga Francieli e posteriormente, pudemos juntas pensar em uma oficina para que as dúvidas de nossa turma pudessem ser esclarecidas.
Como “futura professora” também foi interessante notar a flexibilidade da professora diante das contribuições do grupo e ainda perceber que compartilhava com a turma algumas angústias sobre o processo de avaliação (parte dele, descrito no post acima), pois era a primeira vez que todas trabalhavam com um Blog como parte de uma disciplina de um curso superior.
Ao ler este post de encerramento do semestre (e desejo que seja realmente de encerramento de semestre e não do Blog), lembrei-me de uma citação de Esteban:
“No caos, era quase impossível definir o que cada um sabia daquilo que foi ensinado. Era difícil classificar as crianças segundo padrões previamente estabelecidos, dar notas, até mesmo distinguir o certo do errado. Sem essa definição também se tornava muito difícil prever qual seria o resultado alcançado por cada um dos alunos e alunas. Impossível também atribuir valores às crianças [...]” (ESTEBAN, 2002, p. 132).
E talvez esta tenha sido uma das impressões que a professora tenha tido da turma (embora não sejamos crianças, como o texto cita). Contudo, individualmente, cada uma de nós sabe o quanto pensa diferente ao término deste semestre e esta mudança de pensamento certamente se deve as contribuições das leituras que tivemos no decorrer do semestre, dos debates em sala e das atividades que compartilhamos.
O texto citado está disponível em: http://www.anped.org.br/rbe/rbedigital/RBDE19/RBDE19_12_ESPACO_ABERTO_-_MARIA_TERESA_ESTEBAN.pdf
Parabéns pelo blog, adorei!
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