Grupo: Flora, Ananda e Monica
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..Oi passa o sol, oi passa a chuva, oi passa o vento
Só não passa o movimento do cirandeiro a rodar...
(Cirandeiro, Edu Lobo)
A proposta que trazemos é a do contato com as brincadeiras de roda, como forma de dar as mãos a manifestações da cultura popular e ao cancioneiro popular brasileiro, ampliando o repertório cultural e corporal das crianças. Existem muitas cantigas e cirandas que permitem fazer esse movimento. Apesar de terem aspectos que as identificam, cada música tem, tradicionalmente, uma forma de ser brincada, de ser dançada. Convidamos você não só a conhecê-las, mas também a se permitir recriá-las, colocando na roda outras formas de expressão, como a percussão corporal, outros movimentos, o improviso nas letras, o “batuque” com instrumentos simples...
A ciranda que escolhemos para trabalhar com a turma foi aprendida pela Flora na oficina "Brincadeiras do mundo: a força da música em movimento", com Estêvão Marques, no Boca do Céu, em São Paulo. É de domínio público, aparece em música do Caetano Veloso e também foi recolhido pelo grupo A BARCA no projeto Turista aprendiz.Justamente por ser de domínio público, aparece com pequenas variações em cada referência. Foi assim que cantamos:
minha sabiá, minha zabelê
toda madrugada eu sonho com você
se você duvida
eu vou sonhar pra você ver
Sugerimos algumas fontes caso queira conhecer outras cirandas e brincadeiras de roda:
- O site da revista Nova Escola tem uma coletânea de 26 danças de roda, com disposição inicial, número mínimo de brincantes e instruções de como brincar.
- O selo Palavra Cantada tem um CD-CD rom chamado Pandalelê. Ele é composto por 24 “Brinquedos cantados”: o CD traz as músicas, e no CD rom há vídeos de crianças brincando, para que você possa aprender e ensinar a brincar.
- No youtube você pode encontrar diversos vídeos de cirandas. Dentre eles, sugerimos:
Ciranda de Lia de Itamaracá, em Olinda
QUER SABER AINDA MAIS?
Leia abaixo nossa justificativa teórica, e veja o que usamos, e propomos, como referência!
Brincando, Cantando e Girando: a ciranda como proposta pedagógica para crianças pequenas
Brincando cantando e girando, [a criança] se desenvolve como indivíduo e assimila valores de sua cultura, que foram transmitidos de geração a geração. (...) Brincar é a atividade mais séria da criança! (MICHAHELLES, apud VALLE, 2008, p.2).
Por que escolhemos a Ciranda?
Justificar uma escolha sem “pedagogizar” a brincadeira resta um desafio, já que estamos falando do lugar de estudantes de pedagogia. Podemos justificar essa escolha por vários motivos, que elencaremos agora, buscando não tornar uma manifestação tão rica e múltipla em um “instrumento” para ensinar algo. Cabe a você, leitora ou leitor desse post, não esquecer que, apesar de “dissecarmos” as brincadeiras, elas são uma coisa inteira, cheia de bonitezas e de aprendizados cuja totalidade não conseguimos captar
Em primeiro lugar, as brincadeiras de roda são uma forma de criar vínculo com o cancioneiro popular, notadamente o brasileiro, com as formas de cantar e dançar de diversas culturas. Pensando na Educação Infantil como espaço privilegiado de ampliação do capital cultural das crianças, consideramos ser fundamental que essa ampliação contemple não apenas a cultura erudita, mas também as manifestações populares, que nos parecem estar ficando mais silenciadas com o advento das novas tecnologias de comunicação e os modos de vida que elas engendram.
Além disso, o fato de as brincadeiras até agora propostas terem regras explícitas, com objetivos e vencedores (mesmo se temos discutido formas mais cooperativas de jogar), nas quais a compreensão do corpo passa muito pela agilidade e pela estratégia, nos incitaram a trazer algo diferente. As brincadeiras de roda trazem outras possibilidades de compreensão do corpo – o meu e o do outro, o espaço que cada um ocupa e pode ocupar, as formas como cada um se expressa... – já que o que se busca é a sintonia efetiva nos movimentos, que remete à construção do sentido de pertencimento a um grupo, no qual todos cantam, dançam, descobrem e se descobrem.
Na educação infantil, no trabalho com crianças pequenas, a necessidade de propostas didático-pedagógicas que favoreçam tanto a construção do grupo, quanto a afirmação da identidade e da individualidade faz-se presente. Além disso, a música tem-se mostrado para nós nos estágios como um elemento fundamental para as crianças, por um lado, pela fruição; por outro lado, pelo aprendizado da escuta, da fala, da melodia, do ritmo, do gesto, da coordenação motora.
Além disso, MICHAEHELLES nos indica outras contribuições das brincadeiras de roda para o desenvolvimento, ao citar o estudo da psicanalista Angela Maria Bouth sobre as Cantigas-de-roda brasileiras. Tal estudo se articula ao pensamento de Bruno Bettelheim, e tem como hipótese que a Brincadeira-de-Roda possui conteúdo similar ao dos contos-de-fada alimentando a imaginação e a fantasia, oferecendo a pessoa em desenvolvimento a chance de encontrar a sua própria solução para conflitos internos. (Bouth, 1989, p.72). Nesse mesmo sentido, a autora também nos coloca em contato com uma analogia entre o jogo num aspecto geral e o conto-de-fadas: ...O jogo parece-me ter muitas características de um conto-de-fadas personalizado..." (Ferro, 1995, p. 77).
As brincadeiras de roda e cirandas permitem que professores e crianças brinquem juntos, alternando os passos básicos, como forma de manter viva a forma tradicional, e a expressão através da música e do movimento, compreendendo e favorecendo a existência das cem linguagens das crianças (MALAGUZZI in EDWARD, 1999). A ideia que trazemos é que os desafios, que podem incluir coreografias, percussão corporal, uso de instrumentos, sejam colocados aos poucos, respeitando o interesse e o ritmo das crianças, de forma a construir e manter seu encantamento... desde o berçário (temos feito cirandas com os bebês e, apesar de não se movimentarem muito, é notável a forma como se acalmam e ficam em roda, de mãos dadas), até a idade adulta!
Referências bibliográficas (Acesso virtual):
http://www.itu.com.br/educacao/noticia/conheca-a-danca-circular-sagrada-20100203 (Acesso em 23/05/2010)
http://www.semeiadanca.com.br/hist%F3rico.htm (Acesso em 23/05/2010)
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ciranda. (acesso em 23/05/2010)
Edwards, Carolyn. As cem linguagens da criança: a abordagem de Reggio Emilia na educação da primeira infância. Editora Artmed, 1999.
GASPAR, Lúcia. Ciranda. Pesquisa Escolar On-Line, Fundação Joaquim Nabuco, Recife. Disponível em: <http://www.fundaj.gov.br>. Acesso em: 23 de maio de 2010
MICHAEHELLES, Benita. Cantigas e Brincadeiras de Roda na Musicoterapia http://www.taturana.com/mono.html Acesso em 23/05/2010
PIAZETTA, Clara Márcia. Danças Circulares Sagradas e Cirandas. UFGO. http://www.fap.pr.gov.br/arquivos/File/Arquivos2009/Extensao/Encontro_musicoterpia/OFICINA_Dancas_Sagradas.pdf (Acesso em 23/05/2010)