"Sem a curiosidade que me move, que me inquieta, que me insere na busca, não aprendo nem ensino" (Paulo Freire).
RSS

Jogo, Interação e Linguagem

segunda-feira, 31 de maio de 2010

Ciranda

Grupo: Flora, Ananda e Monica

(USE OS LINKS EM AZUL PARA SE DIRIGIR ÀS PÁGINAS DE REFERÊNCIA)

..Oi passa o sol, oi passa a chuva, oi passa o vento
Só não passa o movimento do cirandeiro a rodar...
(Cirandeiro, Edu Lobo)


A proposta que trazemos é a do contato com as brincadeiras de roda, como forma de dar as mãos a manifestações da cultura popular e ao cancioneiro popular brasileiro, ampliando o repertório cultural e corporal das crianças. Existem muitas cantigas e cirandas que permitem fazer esse movimento. Apesar de terem aspectos que as identificam, cada música tem, tradicionalmente, uma forma de ser brincada, de ser dançada. Convidamos você não só a conhecê-las, mas também a se permitir recriá-las, colocando na roda outras formas de expressão, como a percussão corporal, outros movimentos, o improviso nas letras, o “batuque” com instrumentos simples...


A ciranda que escolhemos para trabalhar com a turma foi aprendida pela Flora na oficina "Brincadeiras do mundo: a força da música em movimento", com Estêvão Marques, no Boca do Céu, em São Paulo. É de domínio público, aparece em música do Caetano Veloso e também foi recolhido pelo grupo A BARCA no projeto Turista aprendiz.Justamente por ser de domínio público, aparece com pequenas variações em cada referência. Foi assim que cantamos:


minha sabiá, minha zabelê
toda madrugada eu sonho com você
se você duvida
eu vou sonhar pra você ver


Sugerimos algumas fontes caso queira conhecer outras cirandas e brincadeiras de roda:

- O site da revista Nova Escola tem uma coletânea de 26 danças de roda, com disposição inicial, número mínimo de brincantes e instruções de como brincar.

- O selo Palavra Cantada tem um CD-CD rom chamado Pandalelê. Ele é composto por 24 “Brinquedos cantados”: o CD traz as músicas, e no CD rom há vídeos de crianças brincando, para que você possa aprender e ensinar a brincar.

- No youtube você pode encontrar diversos vídeos de cirandas. Dentre eles, sugerimos:

Ciranda de Lia de Itamaracá, em Olinda


QUER SABER AINDA MAIS?

Leia abaixo nossa justificativa teórica, e veja o que usamos, e propomos, como referência!


Brincando, Cantando e Girando: a ciranda como proposta pedagógica para crianças pequenas

Brincando cantando e girando, [a criança] se desenvolve como indivíduo e assimila valores de sua cultura, que foram transmitidos de geração a geração. (...) Brincar é a atividade mais séria da criança! (MICHAHELLES, apud VALLE, 2008, p.2).

Por que escolhemos a Ciranda?

Justificar uma escolha sem “pedagogizar” a brincadeira resta um desafio, já que estamos falando do lugar de estudantes de pedagogia. Podemos justificar essa escolha por vários motivos, que elencaremos agora, buscando não tornar uma manifestação tão rica e múltipla em um “instrumento” para ensinar algo. Cabe a você, leitora ou leitor desse post, não esquecer que, apesar de “dissecarmos” as brincadeiras, elas são uma coisa inteira, cheia de bonitezas e de aprendizados cuja totalidade não conseguimos captar

Em primeiro lugar, as brincadeiras de roda são uma forma de criar vínculo com o cancioneiro popular, notadamente o brasileiro, com as formas de cantar e dançar de diversas culturas. Pensando na Educação Infantil como espaço privilegiado de ampliação do capital cultural das crianças, consideramos ser fundamental que essa ampliação contemple não apenas a cultura erudita, mas também as manifestações populares, que nos parecem estar ficando mais silenciadas com o advento das novas tecnologias de comunicação e os modos de vida que elas engendram.

Além disso, o fato de as brincadeiras até agora propostas terem regras explícitas, com objetivos e vencedores (mesmo se temos discutido formas mais cooperativas de jogar), nas quais a compreensão do corpo passa muito pela agilidade e pela estratégia, nos incitaram a trazer algo diferente. As brincadeiras de roda trazem outras possibilidades de compreensão do corpo – o meu e o do outro, o espaço que cada um ocupa e pode ocupar, as formas como cada um se expressa... – já que o que se busca é a sintonia efetiva nos movimentos, que remete à construção do sentido de pertencimento a um grupo, no qual todos cantam, dançam, descobrem e se descobrem.

Na educação infantil, no trabalho com crianças pequenas, a necessidade de propostas didático-pedagógicas que favoreçam tanto a construção do grupo, quanto a afirmação da identidade e da individualidade faz-se presente. Além disso, a música tem-se mostrado para nós nos estágios como um elemento fundamental para as crianças, por um lado, pela fruição; por outro lado, pelo aprendizado da escuta, da fala, da melodia, do ritmo, do gesto, da coordenação motora.

Além disso, MICHAEHELLES nos indica outras contribuições das brincadeiras de roda para o desenvolvimento, ao citar o estudo da psicanalista Angela Maria Bouth sobre as Cantigas-de-roda brasileiras. Tal estudo se articula ao pensamento de Bruno Bettelheim, e tem como hipótese que a Brincadeira-de-Roda possui conteúdo similar ao dos contos-de-fada alimentando a imaginação e a fantasia, oferecendo a pessoa em desenvolvimento a chance de encontrar a sua própria solução para conflitos internos. (Bouth, 1989, p.72). Nesse mesmo sentido, a autora também nos coloca em contato com uma analogia entre o jogo num aspecto geral e o conto-de-fadas: ...O jogo parece-me ter muitas características de um conto-de-fadas personalizado..." (Ferro, 1995, p. 77).

As brincadeiras de roda e cirandas permitem que professores e crianças brinquem juntos, alternando os passos básicos, como forma de manter viva a forma tradicional, e a expressão através da música e do movimento, compreendendo e favorecendo a existência das cem linguagens das crianças (MALAGUZZI in EDWARD, 1999). A ideia que trazemos é que os desafios, que podem incluir coreografias, percussão corporal, uso de instrumentos, sejam colocados aos poucos, respeitando o interesse e o ritmo das crianças, de forma a construir e manter seu encantamento... desde o berçário (temos feito cirandas com os bebês e, apesar de não se movimentarem muito, é notável a forma como se acalmam e ficam em roda, de mãos dadas), até a idade adulta!


Referências bibliográficas (Acesso virtual):

http://www.itu.com.br/educacao/noticia/conheca-a-danca-circular-sagrada-20100203 (Acesso em 23/05/2010)

http://www.semeiadanca.com.br/hist%F3rico.htm (Acesso em 23/05/2010)

http://pt.wikipedia.org/wiki/Ciranda. (acesso em 23/05/2010)

Edwards, Carolyn. As cem linguagens da criança: a abordagem de Reggio Emilia na educação da primeira infância. Editora Artmed, 1999.

GASPAR, Lúcia. Ciranda. Pesquisa Escolar On-Line, Fundação Joaquim Nabuco, Recife. Disponível em: <http://www.fundaj.gov.br>. Acesso em: 23 de maio de 2010

MICHAEHELLES, Benita. Cantigas e Brincadeiras de Roda na Musicoterapia http://www.taturana.com/mono.html Acesso em 23/05/2010

PIAZETTA, Clara Márcia. Danças Circulares Sagradas e Cirandas. UFGO. http://www.fap.pr.gov.br/arquivos/File/Arquivos2009/Extensao/Encontro_musicoterpia/OFICINA_Dancas_Sagradas.pdf (Acesso em 23/05/2010)

sábado, 29 de maio de 2010

Reflexão sobre a brincadeira "Acorda Senhor Urso"

Pudemos perceber no desenrolar da brincadeira “Acorda Senhor Urso”, um grande envolvimento da turma, onde todas participaram e mostraram interesse por estar brincando.
Essa brincadeira é uma releitura do pega-pega, uma brincadeira bastante simples e que não exige muitos materiais. Segundo Kishimoto:
Muitas brincadeiras preservam sua estrutura inicial, outras se modificam, recebendo novo conteúdo, porém enquanto manifestação livre e espontânea da cultura popular, a brincadeira tem a função de perpetuar a cultura infantil, de desenvolver formas de convivência social e permitir o prazer de brincar. (KISHIMOTO, 1996, p. 38)

Na brincadeira “Acorda Senhor Urso” foi criando todo um cenário, personagens e funções que compõem um imaginário para o universo infantil, desenvolvendo questões como o movimento, a cooperação, agilidade, atenção, estratégias e interações. Apesar da simplicidade da brincadeira, acreditamos que foi positivo estipular as regras antes de começarmos a brincar, deixando claro que as mesmas podem variar conforme escolha e necessidade do grupo envolvido na brincadeira.
Gostaríamos de destacar o fato de haver uma rotatividade natural durante a brincadeira, os ursos pegam, os participantes correm, os ursos pegam enquanto salvamos e assim por diante. Não ficamos presas a uma situação apenas, tendo que criar estratégias para conseguirmos atingir nossos objetivos em todas as nossas ações, a atenção nunca cairá em uma pessoa apenas, dando liberdade às crianças para se soltarem e interagirem na brincadeira espontaneamente.
Como bem colocado pela dupla, a brincadeira não tem uma faixa etária definida, podendo ser desenvolvida com crianças da educação infantil e das séries iniciais, isso é bastante positivo para o professor que terá nessa brincadeira várias possibilidades para poder adaptar de acordo com as necessidades e objetivos que pretende desenvolver com a turma.
Entendemos que as brincadeiras são um meio para estimular as potencialidades presentes nas crianças, uma vez que é na brincadeira que a criança interage com o cotidiano, através dos vários papeis por ela assumidos, trabalhando assim suas emoções e ampliando seus conhecimentos infantis (RNCEI, 1998).
Segundo Vygotsky (1991), a brincadeira é uma forma de ação bastante importante para o convívio social e a atividade construtiva da criança, por isso a intervenção do professor na brincadeira deve ser de forma a ajudar as crianças a descobrirem o que está por trás do jogo.
Como sugestão fica a caracterização do “Sr. Urso” usando máscaras, babeiros, fitas amarradas no braço ou outras, tornando dessa maneira mais fácil para a criança identificar o urso pegador no momento da brincadeira.


Referência Bibliográfica

BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. Referencial curricular nacional para a educação infantil / Ministério da Educação e do Desporto, Secretaria de Educação Fundamental. — Brasília: MEC/SEF, 1998.
KISHIMOTO, TIZUKO. O Jogo e a Educação Infantil. In: KISHIMOTO, T. Jogo, brinquedo, brincadeira e educação, 1996.
OLIVEIRA, Zilma de Moraes Ramos de (org.). Educação infantil: muitos olhares. São Paulo:Cortez, 1994.
VYGOTSKY, Lev Semenovich. O papel do brinquedo no desenvolvimento. IN: _____. A formação social da mente. São Paulo:Martins Fontes, 1991, pp. 105-118.

Por: Fernanda Silva e Regiane Espindola

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Brincadeira: Acorda SR. Urso

Faixa etária: Não há limite de idade, o grupo joga conforme suas possibilidades.

Personagens: Dois personagens constituem a brincadeira, o Urso e as pessoas que serão pegas por ele. A quantidade vai variar conforme a turma e o combinado pelo grupo podem mudar o número de ursos como também o de pessoas passeando pela floreta a serem pegas.

Desenvolvimento: O Sr. Urso (pegador) deverá estar dormindo dentro de sua caverna (pode ser uma das extremidades da quadra ou pátio). Do outro lado ficam todos os alunos que dramatizarão um passeio por uma floresta. De repente, o professor (a) alerta para a presença do urso e desafia os alunos a acordá-lo. Quando o Sr. Urso é tocado por um ou vários alunos ele acorda e corre em direção ao grupo de crianças. Ele deve tentar pegar o maior número possível de colegas e aprisioná-los em sua caverna. Os colegas que não foram pegos pelo Sr. Urso podem tentar salvar os outro que estão presos. A turma deve combinar se prefere brincar com pique ou sem pique.

Pode ser combinado com a turma se ao invés de pegar as pessoas e prende-las na caverna o Sr. Urso poderia ir trocando de personagem com quem ele pega, ou seja, o Sr. Urso passa a ser uma pessoa e a pessoa a ser o Sr. Urso e assim vai mudando até todas as crianças serem o Sr. Urso.

REFERÊNCIA TEÓRICA

A brincadeira e o jogo ainda hoje são vistos em algumas instituições, especialmente de educação infantil, como momentos secundários e sem muita importância, encarado apenas como momentos não “produtivos” e “livres” para a criança. É muito freqüente vermos instituições antecipando o momento da “escolarização”, colocando em primeiro lugar o processo da escrita e leitura, em decadência do momento lúdico em que as brincadeiras estão inseridas. Segundo Lima,
Observa-se nas instituições, principalmente de Educação Infantil, uma pressa, uma preocupação exacerbada em antecipar o processo de escolarização. [...] A sobrecarga de trabalhos escolares, impostos aos alunos, principalmente na etapa final da Educação Infantil, reduz e não resguarda o tempo para o lúdico, posição esta que priva a criança de um meio significativo e essencial para o desenvolvimento das suas faculdades humanas. (2003, p.164)

Dessa maneira Rocha nos ajuda quando nos coloca que a dimensão dos conhecimentos na educação infantil estão estritamente vinculados aos processos gerais de constituição da criança, assim sendo o lúdico, as interações e as linguagens. E a brincadeira entra como um meio importantíssimo para esses eixos. É brincando que a criança se coloca, imagina, interage, pensa, age, se desenvolve.

Temos que manter o cuidado de não ficar pedagogizando a brincadeira, porém sabemos que toda e qualquer brincadeira proporciona momentos de prazer e também de aprendizagem, e mesmo que não tenhamos um objetivo especifico quando realiza-se tal brincadeira, sabemos que estamos proporcionando e oferecendo o desenvolvimento que a criança merece, e com isso estamos ampliando e diversificando seu repertório de experiências e conhecimentos.

Nesse contexto o brincar é mais que uma necessidade da criança, está assegurado por diversos documentos legais que afirmam e colocam a sua importância. Documentos como Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA/ 1990), Referencial Curricular para a Educação Infantil (RCNEI/ 1998) e Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (DCNEI/ 1999) nos mostram como a brincadeira não pode estar separada e distante da educação infantil.

Segundo consta no RCNEI, no ato de brincar, os sinais, os gestos, os objetos e os espaços valem e significam outra coisa daquilo que aparentam ser. Ao brincar as crianças recriam e repensam os acontecimentos que lhes deram origem, sabendo que estão brincando. O principal indicador da brincadeira, entre as crianças, é o papel que assumem enquanto brincam. Ao adotar outros papéis na brincadeira, as crianças agem frente à realidade de maneira não-literal, transferindo e substituindo suas ações cotidianas pelas ações e características do papel assumido, utilizando-se de objetos substitutos. Propiciando a brincadeira, portanto, cria-se um espaço no qual as crianças podem experimentar o mundo e internalizar uma compreensão particular sobre as pessoas, os sentimentos e os diversos conhecimentos.

Ainda segundo o RCNEI, cabe ao professor organizar situações para que as brincadeiras ocorram de maneira diversificada para propiciar às crianças a possibilidade de escolherem os temas, papéis, objetos e companheiros com quem brincar ou os jogos de regras e de construção, e assim elaborarem de forma pessoal e independente suas emoções, sentimentos, conhecimentos e regras sociais.


Referências Bibliográficas

Referencial Curricular para a Educação Infantil (RCNEI/ 1998) disponível em:
http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/rcnei_vol1.pdf Último acesso em 19/05/2010

LIMA, J. M. de. A brincadeira na teoria histórico cultural: de prescindível à exigência da educação infantil. In: GUIMARAES, C. M. et al. Perspectivas para Educação Infantil. Araraquara: JM Editora, 2005.

ROCHA, Eloisa A.C. Bases curriculares para a educação infantil: ou isto ou aquilo. Revista Criança, MEC, Brasília, 2007


Camila Silveira Ferreira

Jaqueline de Freitas

Reflexão: "Salva Planeta."

Acadêmica: Vanessa Lúcia Coelho



A brincadeira apresentada proporcionou um momento de participação do grupo envolvido. Neste sentido, penso que é importante respeitar o contexto das crianças e suas singularidades para organizar a brincadeira. No nosso grupo brincamos de uma maneira (não podendo jogar o “planeta” para as colegas), porém sentimos a necessidade de alterar essa regra e foi o que aconteceu (agora podíamos jogar o “planeta” para as colegas).
Com as crianças essa situação acontece em diversos momentos, sobre isso destaco:


[...] Vygotsky (1991) também afirma que a brincadeira, mesmo sendo livre e não estruturada, possui regras. Para o autor todo tipo de brincadeira está embutido de regras, até mesmo o faz-de-conta possui regras que conduzem o comportamento das crianças. Uma criança que brinca de ser a mamãe com suas bonecas assume comportamentos e posturas pré-estabelecidas pelo seu conhecimento de figura materna. Para Vygotsky (1991) o brincar é essencial para o desenvolvimento cognitivo da criança, pois os processos de simbolização e de representação a levam ao pensamento abstrato (CORDAZZO, Scheila Tatiana Duarte; VIEIRA, Mauro Luís, 2007, p. 92).


Outro aspecto analisado, após a realização da brincadeira com o grupo, foi o espaço, que não era adequado para realizamos a brincadeira, pois éramos muitas participantes para um espaço pequeno e isso deve ser levado em consideração quando se pensa o brincar com as crianças. Durante a realização da proposta, estava perceptível que além da interação do grupo, a brincadeira proporcionou um momento de concentração, talvez devido a função de tentar alcançar “o planeta”, sem serem “congeladas” pelos adversários.
Trata-se de uma brincadeira de competição, mas apesar de tentarmos muitas vezes apresentar brincadeiras que não tenham esse foco competitivo, acreditamos que em alguns momentos naturalmente se percebe a competitividade ao brincar.


A cultura lúdica é antes de tudo um conjunto de procedimentos que permitem tornar o jogo possível. Com Bateson e Goffman consideramos efetivamente o jogo como uma atividade de segundo grau, isto é, uma atividade que supõe atribuir às significações de vida comum um outro sentido, o que remete a idéia de fazer-de-conta, de ruptura com as significações de vida cotidiana. Dispor de uma cultura lúdica é dispor de um certo número de referências que permitem interpretar como jogo atividades que poderiam não ser vistas como tais por outras pessoas (KISHIMOTO, 2002 p. 24).



Reportamo-nos a Kishimoto para repensar a questão da competição, afinal a brincadeira proposta traz a possibilidade de não ter apenas um ganhador ou perdedor, e isso contribui para o enriquecimento da cultura lúdica, até porque faz com que a proposta não seja cansativa para os que têm mais dificuldade para vencer e neste caso em específico nos faz refletir sobre as dificuldades dos que poderiam se achar incapazes, reforçando assim que o mais importante é o prazer de/em brincar.



Referências Bibliográficas:


CORDAZZO, Scheila Tatiana Duarte. VIEIRA, Mauro Luís. A brincadeira e suas implicações nos processos de aprendizagem e de desenvolvimento. Estud. pesqui. psicol., jun. 2007, vol.7, no.1.. Disponível em: http://scielo.bvs-psi.org.br/scielo.php?pid=S1808-42812007000100009&script=sci_arttext&tlng=pt Acesso em: 22 maio de 2010.

KISHIMOTO, Tizuku Morchida. O brincar e suas teorias. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2002. Disponível em:
http://books.google.com.br/books?hl=pt-BR&lr=&id=iK3UejO34YYC&oi=fnd&pg=PA7&dq=KISHIMOTO,+Tizuco.+O+Jogo+e+a+Educa%C3%A7%C3%A3o+Infantil.+In:+KISHIMOTO,+T.+Jogo,+brinquedo,+brincadeira+e+educa%C3%A7%C3%A3o.+1996.&ots=tdpyBc1NJ7&sig=4IviGT3isiS0-K_Nds04_aBLp5k#v=onepage&q&f=false. Acesso em: 22 maio de 2010.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Salva Planeta

Acadêmicas: Aline Aparecida da Silva
Maria DalPrá


O que será desenvolvido: Além da interação entre as crianças, a agilidade; atenção; cooperação; estratégia; foco; noções espaciais, aprimoramento da noção motora ampla; noções de estratégia, estimulando o raciocínio rápido; e estimular o trabalho em equipe, poderão ser contemplados nesta brincadeira.

Idade: A partir de 5 anos.

Local: Um espaço amplo, ginásio, pátio, etc.

Materiais necessários: Colete ou pulseiras para identificar os grupos, duas bolas (representando os planetas), faixa ou algo que delimite os espaços (campos).

Como Brincar: Os participantes serão divididos em dois grupos, cada qual é identificado por cores diferentes. Cada equipe possui um planeta que fica na extremidade do campo adversário, e este precisa ser salvo.


A equipe precisa atravessar o campo adversário e salvar o seu planeta, porém deve-se tomar cuidado para não ser congelado pela outra equipe. Ao ser congelado o participante deverá permanecer no local até que um membro da sua equipe o descongele, podendo retornar para o seu campo ou avançar na tentativa de salvar seu planeta. Ao salvar seu planeta e voltar para o seu campo a equipe ganhará 10 pontos.

Regra: Não poderá haver guardião do planeta.


Possibilidade:
Estipular um tempo máximo para o desenvolvimento da brincadeira, permitindo a contagem dos pontos e a classificação da equipe.


Derivado da brincadeira SALVA BANDEIRA.

Justificativa teórica

Acreditamos que a brincadeira possa desenvolver interações e os processos de gerais de desenvolvimento e aprendizagens. A brincadeira proposta possibilitará o movimento do corpo e da mente, pois ao mesmo tempo em que as crianças irão correr para salvar o planeta terão que formular estratégias para driblar a equipe adversária. Como é um jogo de competitividade o trabalho em equipe terá que prevalecer, sendo assim as crianças experimentarão as mais diversas emoções, e terão que administrar conflitos.


Segundo Vygotsky (1991), as brincadeiras infantis existem para que a criança, através do lúdico, possa agir em relação ao mundo do adulto, construindo e reconstruindo ações praticadas pelos adultos na sociedade. É através das brincadeiras que a criança se apropria da realidade e assim vai criando condições para separar o que é fantasioso e o que é real, exercendo domínio sobre ambos. Desse modo, caracteriza o brincar da criança como a sua imaginação em ação e considera a situação imaginária como um dos elementos fundamentais das brincadeiras e jogos. As atividades lúdicas reforçam a interação entre as crianças facilitando a socialização e o processo de ensino-aprendizagem, e é também, de grande importância na construção da auto-estima e da autonomia infantil.


Para Leontiev (2001, p.123) “a fórmula geral da motivação é competir, não vencer”, e esta mesma motivação pode tomar fins diferentes para o adulto ou para a criança, pois “nos jogos dos adultos, quando a vitória, mais do que a simples participação, torna-se o motivo interior, o jogo deixa de ser brincadeira”.


Esperamos sempre que a brincadeira seja um momento prazeroso para aquele que brinca, garantindo o divertimento, mas além desse aspecto, a brincadeira pode proporcionar outras sensações e emoções vivenciadas pela criança, pois segundo Kishimoto (1999, p.23), “embora predomine, na maioria das situações, o prazer como distintivo do jogo, há casos em que o desprazer é o elemento que o caracteriza. Outro autor, Vygostky (1991) é um dos que afirmam que nem sempre o jogo possui essa característica, porque em certos casos, há esforço e desprazer na busca do objetivo da brincadeira”.

Mas como o foco da brincadeira proposta está na união e cooperação da equipe, o ponto alto se dá no processo e não no resultado da mesma, pois a motivação maior está no momento de cooperação, estratégia e foco do grupo, refletindo e buscando meios em conjunto de como conquistar um objetivo em comum para o grupo.



Referências Bibliográficas



KISHIMOTO, Tizuko Morchida. O jogo e a educação infantil. In: Jogo, brinquedo, brincadeira e a educação. 3.ed. São Paulo: Cortez, 1999.


LEONTIÈV, Alexis N. Princípios Psicológicos da Brincadeira Pré-Escolar. In: VIGOTSKI, L.S; LURIA, A.R & LEONTIÈV, A. N. Linguagem, Desenvolvimento e Aprendizagem. São Paulo: Ícone, 2001.


VYGOTSKY, Lev Semyonovich. O papel do brinquedo no desenvolvimento. In: A Formação Social da Mente. São Paulo, Martins Fontes, 1991.