"Sem a curiosidade que me move, que me inquieta, que me insere na busca, não aprendo nem ensino" (Paulo Freire).
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Jogo, Interação e Linguagem

segunda-feira, 15 de março de 2010

“Gato Mia/Cabra cega”

Alunas: Juliane Mendes Rosa La Banca e Raquel de Melo Giacomini

“O movimento humano é um diálogo entre homem e mundo”
Gordjin (Pedagogo holandês)
Faixa etária: Acima de 3 anos
Descrição
Gato Mia: Tradicionalmente a brincadeira é realizada em um ambiente fechado e escuro no qual uma pessoa é escolhida para ser o gato. Essa pessoa deve ficar separada enquanto os outros participantes se escondem. Se não houver um ambiente totalmente escuro pode-se vendar os olhos do gato. Então depois que todos se escondem o gato sai a procura dos participantes até tocar em algum. Quando isso acontece ele deve perguntar: “Gato mia”, e então o participante encontrado deve responder com um miado. Dessa forma, o gato deve dizer quem é a pessoa, apenas reconhecendo sua voz. Se o gato acertar quem é a pessoa, o participante encontrado deverá ocupar seu lugar na próxima rodada, se ele errar deverá ser o gato novamente. Para que a brincadeira ocorra corretamente é preciso que todos os participantes fiquem em silêncio.
Cabra cega: Essa brincadeira pode ser realizada em ambientes fechados ou abertos. Um participante é escolhido para ser vendado, então é girado para que fique tonto, perdendo assim, sua noção de espaço. Enquanto isso os outros participantes se afastam fugindo daquele que está vendado. Quando o participante vendado consegue pegar alguém, este toma o seu lugar na próxima rodada.
Justificativa

Essas brincadeiras foram escolhidas por promoverem diferentes formas de utilizar os sentidos, possibilitando uma ressignificação da percepção do mundo pela criança. Tradicionalmente a pedagogia costuma negligenciar as manifestações do corpo nos espaços escolares, porém acreditamos que a criança apreende o mundo a sua volta como um todo, sem separar a mente e o corpo. Nesse sentido Elenor Kunz (2007, p.17) afirma que:
... a criança se envolve sempre de corpo inteiro na atividade e por isso percebe o mundo ao seu redor de forma também mais global, e menos definido, talvez mais caótico, mais é experiência de uma totalidade que vai se estruturando cada vez mais para dar formas definidas e mais detalhadas. Portanto, o brincar como forma de um “interpretar/compreender-um-mundo-pelo-agir” (Tamboer) passa a ser de fundamental importância no seu desenvolvimento.

Dessa forma, as duas brincadeiras se assemelham por permitir que a criança interaja com o ambiente e seu grupo utilizando outros sentidos, sendo privadas da visão. Considerando os diferentes contextos, objetivos e faixas etárias a serem trabalhadas, pode-se realizar adaptações às brincadeiras, como por exemplo, a troca do reconhecimento pela audição para o tato. Enfim, novas regras podem ser acrescentadas ou modificadas segundo as necessidades do grupo e a criatividade do professor.
Outro fator interessante dessas brincadeiras é a sua característica tradicional pois vêm sendo transmitida de geração a geração, tendo inclusive algumas variações dependo das regiões onde são praticada. Sendo assim é ressaltado não só o aspecto lúdico, bem como o cultural, pois brincando a criança se aproxima das manifestações de sua comunidade, constituindo sua identidade cultural local. A apropriação de um elemento da cultura permite que a criança não só reproduza a tradição aprendida, mas se identifique com ela, e a modifique. Ainda esclarecendo sobre esse tipo de brincadeira, Tizuko Kishimoto (1996, p.38) acrescenta que:

A brincadeira tradicional infantil, filiada ao folclore, incorpora a mentalidade popular, expressando-se, sobretudo, pela oralidade. [...] Por ser um elemento folclórico, a brincadeira tradicional infantil assume características de anonimato, tradicionalidade, transmissão oral, conservação, mudança e universalidade.

Concluindo, ressaltamos o aspecto social da brincadeira, pois, “brincar não é uma dinâmica interna do indivíduo, mas uma atividade dotada de uma significação social precisa que, como outras, necessita de aprendizagem. (BROUGÈRE, 1998, p. 01)”. Assim, em se tratando do ambiente escolar, é fundamental a intervenção do professor na condução e observação das brincadeiras, mas também é importante que ele reserve momentos para o brincar espontâneo, estimulando a criatividade e imaginação da criança.


Referências
BROUGÈRE, Gilles. A criança e a cultura lúdica. Rev. Fac. Educ., São Paulo, v. 24, n. 2, July, 1998.
HILDEBRANT-STRAMANN, Reiner. Textos pedagógicos sobre o ensino da educação física. Ijuí: Unijuí, 2005.
KISHIMOTO, Tizuco Morchida (org.). Jogo, brinquedo, brincadeira e a educação. São Paulo: Cortez, 1996.
KUNZ, Elenor. Educação Física: A questão da Educação Infantil. In: GRUNENNVALDT, José Tarcísio [et al.] Educação Física, Esporte e Sociedade Temas Emergentes. São Cristovão: Universidade Federal de Sergipe, Departamento de Educação Física, 2007.

Trabalho apresentado em: 08/03/2010

24 comentários:

Anônimo disse...

"O professor não ensina, mas arranja modos de a própria criança descobrir".(Jean Piaget)

Achei muito interessante essas brincadeiras, vendo hoje com olhar mais pedagógico percebo o movimento que elas tem na hora de sua execução de divertir o praticante, de lhe dar prazer e ao mesmo tempo de ensinar algo.
Seja uma estratégia de fuga, do conhecer o colega para identifica-lo, etc. Em suma é uma forma de estimular o raciocínio lógico das crianças.

Maricota de Chita disse...

A riqueza de propor esses jogos para as crianças se revelou para mim ao estar vendada. Experimentar o movimento e o jogo privada do sentido da visão lembra o quanto temos dado prioridade a este, estimulando-o muitas vezes em detrimento de outros.
Em um primeiro momento, o que chama à atenção é o sentimento de insegurança e as modificações na forma como o corpo ocupa o espaço e se movimenta que este gera. Depois, entram em cena as tentativas do corpo de encontrar soluções nessa nova condição: os outros sentidos ficam mais aguçados (a audição e o tato, principalmente), a postura e os movimentos se adaptam... o que percebo é que teríamos mais repertório para formular tais tentativas (explorando outros planos, por exemplo) caso tivéssemos experimentado a não-visão mais vezes durante nosso desenvolvimento. Nesse sentido, tais jogos são muito ricos para ser trabalhados em diferentes momentos.
Além disso, destaco ainda que experimentar tais situações pode ajudar as crianças a perceber como pessoas cegas e com outras deficiências se relacionam de uma forma distinta com o mundo, uma forma repleta de saberes diferentes daqueles que as crianças possuem - o que pode gerar um ambiente de maior respeito às diferenças e aos diferentes.
Flora.

Unknown disse...

achei muito legal a proposta visto que hoje trabaho com a educação especial e esta brincadeira tras a possibilidade trabahar com as crianças pequenas a inclusão social, pois a criança pode se colocar no lugar do outro. Com esta dinâmica o grupo acaba criando um maior laço afetivo, visto que, as crianças tem a necessidade de se conhecerem (conhecer a voz, características marcantes, cheiro dos amigos)proporcionando assim, um vínculo no grupo.
Samanta.

Gabriela de Amorim disse...

As atividades desenvolvidas já eram de meu conhecimento, no entanto surpreendi-me ao me colocar na posição de participante. Com isso pude me preocupar quando tinha de estar parada (Gato mia) tendo a sensação de que a qualquer momento eu poderia ser pega. No entanto, quando tive liberdade para fugir (Cabra cega) me vi livre e com mais possibilidade de interagir na brincadeira. Com isso percebi que em Gato mia, as condições do jogo favorecem quem está à procura do gato, pois seu alvo é fixo. Já em Cabra cega, os papéis se invertem e quem tem facilidade é quem foge, estando às dificuldades com quem busca por um alvo móvel. Nas palavras de Kishimoto (1999) eu caracterizaria as atividades como brincadeiras, pois segundo a autora “é a ação que a criança desempenha ao concretizar as regras do jogo, ao mergulhar na ação lúdica. Pode-se dizer que é o lúdico em ação”, em outras palavras, Juliane e Raquel nos possibilitaram não só uma experiência lúdica, mas um retorno ao prazer de (re)viver a infância.
Gabriela de Amorim

Ingrid Sell Koerich disse...

Esta atividade foi muito interessante...
Mesmo como adultos percebemos como as crianças se divertem e tem contato com o outro, estimulando assim a vontade de conhecer o colega e suas caracteristicas.
Parabéns ao grupo.
Foi ótimo ver essas brincadeiras com outros olhos.
Ingrid

Jussara Araujo disse...

Jussara disse...
Gostei muito da atividade, já conhecia pois é uma brincadeira muito antiga, contudo as crianças ainda hoje brincam e se divertem muito, ela dá oportunidade de uma boa inteiração, do contato com os colegas,toda a brincadeira lúdica deve fazer parte da infância.
21 de março de 2010.

JessicA disse...

Particularmente, senti uma certa aflição no momento em que fui vendada. Perder um dos sentidos, mesmo que temporariamente e numa situação de brincadeira, trouxe a sensação de insegurança. Isso me fez pensar no quanto utilizamos a visão, e secundariamente os outros sentidos. Portanto, este tipo de brincadeira torna-se importante e interessante na educação infantil, pois podemos proporcionar aos pequenos experiências com as diversas dimensões do sentir, aprendendo a ouvir, tocar o outro sem constrangimentos, conhecer o proprio grupo.
Gostei muito da proposta do grupo, pois pudemos vivenciar momentos não só de diversão e prazer, mas outros aspectos que a brincadeira também nos proporciona, como o desconforto, a insegurança, e também conhecer um pouco mais nosso grupo.
Jéssica Abreu

Turma 7308A disse...

A meu ver as brincadeiras desenvolvidas foram muito interessantes, pois estimulam o contato, os gestos,a utilização de outros sentidos, porém acredito que antes de realizá-las deveria ocorrer uma "socialização" entre as crianças para essas "identificarem" a voz do outro, saber o nome dos envolvidos, pois no meu caso não conhecia alguns nomes de colegas. Enfim foi bastante divertido e posssibilita manifestar e utilizar outras formas de sentir, expressar,ou seja, desenvolver outras formas "linguagem". Grayce Helena Inacio.

Turma 7308A disse...

Fátima disse...

A atividade proposta foi muito interessante para pensarmos em maneiras para as crianças se conhecerem nas mais diferentes formas, seja pela audição, pelo olfato e principalmente pelo tato, pensando nas alternativas para além da visão.
Trabalhar o movimento do corpo sem poder enxergar e relacionar essa experiência à condição de crianças com deficiência visual também é uma possibilidade de abrangência da brincadeira.
Foi uma brincadeira muito legal, gostei muito, pois me proporcionou recordar lembranças da infância.
Maria de Fátima Clasen

22 de março de 2010 11:10

Turma 7308A disse...

Achei a atividade bastante interessante que nos fez voltar a infancia,ja que no curso temos muita teoria e pouca prática,este semestre parece que vai ser diferente,apesar de não ter tido os olhos vendados, pude sentir que damos muito mais valor ao sentido da visão e esquecemos dos outros,isso nós fará refletir um pouco sobre os outros sentidos,pois iremos trabalhar com crianças com as mais diversas necessidades especiais,
foi muito legal,descontraído, porém quando os olhos são vendados acho que deve surgi uma certa insegurança.
Maria Dal Prá

Mônica no Chile disse...

Segundo Platão você pode descobrir mais sobre uma pessoa em uma hora de brincadeira do que em um ano de conversa. Esses dias quando li essa frase recordei das nossas aulas, ou melhor dessa primeira aula em que eu fui convidada a participar da brincadeira e me entreguei totalmente a ela, descontraida eu toquei a minha colega e pude assim descobrir o nome dela. O fato de você tocar uma pessoa requer cuidado, ainda mais uma pessoa desconhecida como foi o meu caso, felizmente todas estavam envolvidas pelo espírito da brincadeira e por isso a aula se desenrolou muito bem e de alguma maneira acredito que todas recorreram a memória da nossa infância, linda infânciaaaa!
Agora deixando as impressões pessoais de lado e pensando um pouco na utilização desta brincadeira em sala de aula eu posso dizer que ao meu ver ela foi muito bem abordada, primeiro por que ela é uma clássica brincadeira brasileira e essas ao meu ver não podem ser deixadas de lago. Hoje com o avanço da alfabetização digital os jogos e brincadeiras preferidos são quase sempre o video game, o computador, a TV, o DVD. É na escola o espaço de ampliação do repertório de vivências e nós como futuros educadores temos que usar esse rico repertório de brincadeiras clássicas brasileiras que trazem consigo a nossa cultura, as várias culturas do nosso país.

Obs: Alguém sabe por que o nome Cabra Cega?
Eu sei que tem vários nomes, cada região tem o seu, interessante, né? Até isso dá para iniciar um diálogo com as crianças e ver que hipóteses eles levantam (com as maiores ou quem sabe também com as menores, por que não?)
Acho que me estendi demais!
Mônic@ Riechel!

Gabriela de Amorim disse...

Oi... eu sei a origem, aliás havia lido uma vez sobre e retornei a procura para repassar aqui: "A brincadeira originalmente denominada de cabra-cega consiste num jogo em que uma criança, com os olhos vendados, tenta agarrar as outras que participam da brincadeira. Quando uma criança é pega, passa a ser a cabra-cega.

Trata-se de uma brincadeira muito comum em Portugal e na Espanha, de onde veio para a América. Esse jogo já era popular entre os romanos no século III a.C. com o nome de musca aena. Na Espanha recebe o nome de galinha-cega; na Alemanha, de vaca-cega; nos Estados Unidos, de Blindman's buff; na França, de Colinmaillard..No Brasil também é denominado de pata-cega e cobra-cega".

Tirei esta citação do site que li:
http://www.faccar.com.br/desletras/hist/2007_g/textos/18.htm

Turma 7308A disse...

Sandra Bernardo

Esta brincadeira fez-me lembrar sem dúvida a minha infância, era o jogo mais comum nos recreios da escola primária. Actualmente apesar dos tempos terem mudado e as brincadeiras também é bastante fácil de identificar as crianças a brincarem à cabra-cega. Relativamente à actividade das colegas achei que foi muito bem executado e muito divertido. Como proposta sugeria um quebra-gelo para realizar com as crianças de forma a conhecerem-se melhor e a promover um maior à-vontade para a posterior brincadeira. No quebra-gelo as crianças vão circulando livremente na sala de aula ou no recreio da escola e quando encontram um colega pergunta "Quem és?" e o outro responde "Sou o ...".

Unknown disse...

Com certeza essa brincadeira foi super envolvente e divertida. Creio que todos gostaram do suspense e de ter que se esconder. Eu mesma (que fui a primeira cabra cega) fiquei super animada, pois como eu não podia ver o que se passava ao meu redor eu fiquei imaginado mil coisas. Com as crianças acredito que acontece o mesmo. Creio que esse jogo estimulará:
- concentração - por ter que ficar em silêncio e se mover com cautela;
- coordenação motora – para desviar e se esquivar;
- conhecimento do outro – ao tocar o outro de olhos fechados despertamos para características que de olhos abertos não percebemos, como a maciez do cabelo, a aspereza da roupa, etc.
- imaginação - a partir dos sons e movimentos imaginamos o que está acontecendo. Segundo Huizinga, o jogo como é uma atividade voluntária do ser humano, o mesmo propicia ao jogador certa distância de seu cotidiano e realidade, favorecendo o desenvolvimento de sua imaginação e fantasia.
Conforme falado depois da brincadeira, ela pode ser adaptada para outras faixas etárias, tanto para os pequenos, quanto para os maiores, englobando desde a Educação Infantil até as Séries Iniciais.
Como a brincadeira é de fácil utilização, pois só necessita de algum espaço e uma venda (quando usada), a professora pode realizá-la tanto em dias ensolarados, quando chuvosos.
Roseana Roecker
Referência:
KISHIMOTO, Tizuco Morchida. O jogo e a educação infantil. IN: Jogo, brinquedo, brincadeira e a educação. 3.ed. São Paulo: Cortez, 1999. p.13-43.

Unknown disse...

Segundo Kishimoto (1999), o jogo desenvolve as múltiplas inteligências da criança. Desta forma, "utilizar o jogo na Educação Infantil significa transportar para o campo do ensino-aprendizagem condições para maximizar a construção do conhecimento, introduzindo as propriedades do lúdico". Penso que essas duas brincadeiras - "Cabra Cega" e "Gato Mia" foram muito bem escolhidas para que pudéssemos refletir não somente a respeito da importância do brincar na educação infantil, como também para que percebêssemos as diversas linguagens utilizadas pelas crianças.
Na brincadeira de "Cabra Cega", fui a última a ser a cabra-cega e pude experimentar uma sensação de desconforto por sentir-me momentaneamente privada do sentido da visão, uma insegurança angustiante por não conseguir perceber a lateralidade, nem sentir adequadamente o espaço, o tato, a audição, para encontrar as outras colegas - e isso me fez refletir não somente a respeito das diferenças, estigma e preconceito social que as pessoas com deficiência enfrentam em uma sociedade que pouco tem se preparado para recebê-los, como também no quanto somos tão dependentes de apenas um dos sentidos (a visão), ou no quanto nos acostumamos (de maneira tão triste) a utilizar-nos de uma única linguagem para interagir com o mundo.

Ananda Maria Maciel

Unknown disse...

Gostei muito das brincadeiras, pois me remeteu ao meu tempo de criança, sendo essa muito envolvente; percebi que através delas podemos explorar diversos sentidos, tais como a audição, a visão e o tato; para a criança ela contribui em conhecer melhor o outro, a interação com o grupo, a manifestação do corpo.
A brincadeira irá valorizar principalmente a visão, pois ficar vendado é de certa forma agoniante tendo assim que explorar outros sentidos para conseguir atingir o objetivo da brincadeira.
Como traz Desqualdo (2008) “A brincadeira contribui para o processo de socialização das crianças, oferecendo-lhes oportunidades de realizar atividades coletivas livremente, além de ter efeitos positivos para o processo de aprendizagem e estimular o desenvolvimento de habilidades básicas e aquisição de novos conhecimentos”.

Turma 7308A disse...

CAMILA SILVEIRA FERREIRA

*CABRA CEGA

O aspecto que mais chamou a minha atenção e que acho interessante ressaltar aqui é a questão de trabalhar com os sentidos da criança. Na minha infância, eu brincava de gato mia-cabra cega apenas de um jeito: com os olhos vendados. Mas na brincadeira apresentada pela dupla, foram muitas as possibilidades. Audição, visão, tato. Talvez o fato que tenha mais me interessado foi a parte em que a pessoa que foi pega tinha que ficar quieta, e a outra tinha adivinhar tateando a pessoa. Isso me remeteu a uma das aulas de Educação física da 5ª fase, em que a professora Iracema sempre fazia alguma dinâmica, e uma delas, foi que tinhamos que fazer historinhas com o corpo, e depois refletindo, vimos como o toque é reprimido, o quanto ainda somos limitadas, envergonhadas, pois fizemos os gestos bem curtos e rápidos. E estou associando esse momento a essa brincadeira da cabra cega, porque quando a dupla propôs que descobrissemos a pessoa desse jeito, tocando, imediatamente veio esse pensamento na minha cabeça, da vergonha e timidez, e até medo, de tocar o corpo do outro, até aonde eu posso tocar o corpo do outro. E acho importante essa brincadeira, para que essa barreira seja quebrada desde pequena nas crianças. O corpo tem que ser encarado em toda a sua totalidade, com todos os sentidos, e assim a criança vai descobrindo-o.
Para pensar: "Como fazer para que as singularidades corporais não sejam relíquias nem banalidades, motivo de exposição nem de imposição?" (SANT'ANNA, 2000)

Unknown disse...

Referência do post de Kamila Kremer que foi retirado do site:
http://www.webartigos.com/articles/4448/1/A-Importancia-Do-Brincar-No-Desenvolvimento-Da-Crianca/pagina1.html

Dayana de Souza disse...

Quem nunca brincou de gato mia?
Eu já brinquei muitas vezes. Essa brincadeira é muito interessante, pois ao vendar os olhos acaba por estimular outros sentidos do nosso corpo, como a audição e o tato. Apesar de desorientar aquele que está pegando, a brincadeira trabalha a questão das crianças se conhecerem através de suas características físicas, estimulando assim a questão do contato, que é tão podada em nossa sociedade.
As crianças geralmente gostam muito dessa brincadeira, sempre se divertem muito. Lá na Costa da Lagoa eu aprendi também, a brincadeira “gatinha parta”, que é semelhante a essa, as crianças ficam em roda, enquanto a professora tampa os olhos de uma das crianças, canta-se uma musica (que agora não lembro) e aponta-se para uma criança da roda, a criança deve miar e a outra, que está com os olhos tampados, deve adivinhar. Nessa brincadeira é estimulado a audição, o reconhecer o outro pela sua voz.

Foi muito divertido brincar de novo, dessa brincadeira que foi muito presente em minha infância.

Anônimo disse...

Brincadeira Gato Mia,

Tenho como sugestão para brincar com crianças pequenas de gato Mia:
Acompanhar uma criança para fora da sala, enquanto dentro da sala cobrimos uma criança.
Ao voltar a criança que está coberta deve somente miar e a que saiu da sala deve dizer o nome da que está embaixo do lençol.
Funciona, pois faço com as crianças de 3 anos da instituição onde trabalho.
Obrigada ao grupo
Kisses
Ana Sarah Ribeiro

Jacqueline R. Rodrigues disse...

Acho que a proposta foi bastante pertinente para desenvolver diferentes habilidades no grupo, como: concentração, agilidade, atenção, percepção tátil e auditiva, coordenação motora ampla, imaginação, etc.
O envolvimento do grupo foi visível, bem como a euforia e encantamento por estar participando de uma atividade tão prazerosa e descontraída.
Foi engraçado perceber que, assim como as crianças, nós também corremos "loucamente" para não sermos pegas pela colega que estava com os olhos vendados. Isso demonstra o "medo" ou "receio" que sentimos de ter que passar pela mesma situação daquela que está tentando não somente pegar, mas acertar (pelas características físicas através do toque ou pela voz) quem é a pessoa que foi encontrada. Vale destacar que o receio era tanto que algumas colegas até tentaram se esconder atrás do nosso amigo esqueleto.
Achei a proposta muito interessante para trabalhar a questão das crianças que possuem deficiência visual, pois, dessa forma, podemos trabalhar o respeito pelas diferenças, aguçando outros sentidos e aprendendo a "ler" o mundo de outra forma.
Foi muito legal reviver essas brincadeiras que estiveram tão presentes na minha infância. Na verdade, até senti saudades dessa época... Valeu a pena sentir todo esse friozinho na barriga!!!!

Francieli Silva disse...

Como já havia feito a crítica desta brincadeira achei melhor não postar comentários, mas passei para postar um site que encontrei com uma variação diferente da brincadeira Cabra Cega e gostei muito dos comentários anteriores.
Muitas falaram que uma brincadeira de infância, que gostaram muito, mas chamou-me atenção a fala da Mônica, quando compartilhou algumas palavras de Platão. Nossa fiquei pensando nisso e é real, pois quando brincamos nos envolvemos e agimos não com máscaras, mas como somos realmente. Liberamos nossos sentimentos, como no caso da brincadeira, de insegurança – aflição – uma sensação diferente por esta vendada, mas em nenhum momento foi um sentimento fingido e sim real.
E segundo a Greice, nosso “olhar pedagógico” nos faz ver coisas que antes em nossa infância não compreendíamos, apenas vivíamos. Pensando no que já foi citado a cima: as brincadeiras não são apenas para os dias de chuva ou quando a professora não tem nada para fazer... , pois brincar é uma dinâmica interna dos indivíduos e possibilita as crianças utilizarem suas “cem linguagens”...

Ah, o site a da TV Cultura – Alô Escola. Tem um guia de brincadeiras, a historiados brinquedos, jogos e cartuns...
http://www.tvcultura.com.br/aloescola/infantis/brincarebom/index.htm

Ingrid Sell Koerich disse...

Como já disse anteriormente, adorei a brincadeira, e relendo as justificativas tive maior noção da importância de se conhecer o outro através do toque.
A criança, é nós também, quando 'perdemos' a visão temos nossos sentido aguçados, e a apartir disso possuimos maiores possibilidade de conhecer o mundo a nossa volta.
Como dito pelas colegas:
"... a criança se envolve sempre de corpo inteiro na atividade e por isso percebe o mundo ao seu redor de forma também mais global..."
Por experiencia própria, a criança quando interessada pela atividade e por conhecer o outro, se envolve e participa de forma ativa da proposta.
Propor formas diferenciadas, que integrem o grupo de crianças, devem ser utilizadas na chegada de um novo ano, pois assim novas amizades podem ser feitas, e antigas reforçadas.

* Muitos livros de brincadeiras e dinâmicas de grupo auxiliam na construção de um planejamento mais eficaz, que chame atenção das crianças e torne a "aula" mais divertida.

Unknown disse...

Achei a brincadeira muito interessante e divertida, em que pude recordar meus momentos de infância e verificar a viabilidade em propor atividades que desenvolvam sentidos tão importantes em nosso di-a-dia, como a audição e o tato.
Assim como destaca Ingrid, "... a criança se envolve sempre de corpo inteiro na atividade e por isso percebe o mundo ao seu redor de forma também mais global...", penso que a brincadeira proposta permite que a criança vendada passe a ter maior consciência do próprio corpo e noção de espaço, já que ela deve localizar os colegas de olhos vendados. Faz com que ela perceba em qual ambiente ela está inserida, que passe a observar mais seus colegas, o mundo a sua volta.
Uma brincadeira que contribui e muito para trabalhar com as diversas linguagens e uma excelente maneira de abordar a questão da deficiência física, tão presente em sala de aula.

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