"Sem a curiosidade que me move, que me inquieta, que me insere na busca, não aprendo nem ensino" (Paulo Freire).
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Jogo, Interação e Linguagem

sexta-feira, 19 de março de 2010

Crítica referente ao trabalho “Gato Mia/Cabra Cega”, apresentado por Juliane Mendes Rosa La Banca e Raquel de Melo Giacomini

O trabalho “Gato mia/Cabra cega”, das meninas nos interessou muito por vários motivos. Um deles foi ver que realmente deu certo com a nossa turma e todos se divertiram e puderam correr, brincar, coisa que não é muito comum dentro da sala de aula, principalmente quando essa sala de aula é de uma universidade. Isso nos fez lembrar assuntos estudados na disciplina de Educação Biocêntrica, baseada no sistema de Biodanza, criado por Rolando Toro. Segundo a página virtual do espaço biocêntrico Frater:


“A Biodanza é um sistema que visa possibilitar um processo de integração do ser humano em três dimensões relacionais: consigo mesmo, com as pessoas e com o ambiente em que vive. A metodologia de Biodanza possibilita a cada pessoa encontrar suas potencialidades através de exercícios lúdicos e instigantes.”


Levando tudo isso em conta, vemos o quanto é importante estimular não só o desenvolvimento cognitivo da criança, mas fundi-lo com o do corpo. Em outras palavras, para um aprendizado saudável deve-se tomar cuidado para não separar mente de corpo, pois ambos devem andar de mãos dadas no caminho do conhecimento.


A brincadeira do Gato Mia nos fez sentir (e provavelmente a turma toda sentiu o mesmo) o quanto fazia tempo em que não brincávamos de correr, de tentar perseguir alguém, simplesmente pelo fato de se divertir. E perdemos essas vivências maravilhosas porque nos foi dito que devemos passar 1/3 da nossa vida sentada em uma carteira, estudando, quando na verdade poderíamos estar aprendendo tudo o que aprendemos até hoje sem ferir o nosso próprio corpo.


Como futuras Educadoras devemos estar atentas para não reproduzirmos corpos disciplinados, submissos, "corpos dóceis"... Segundo Foucault (1987, p. 117-118)"corpos que se manipula, se treina, que obedece, responde, se torna hábil ou cujas forças se multiplicam." assegurar que as crianças tenham o direito de brincar e desenvolver-se por completo.


Como comentado em sala, o Gato Mia pode ser adaptado até mesmo para os menores, colocando a criança vendada no colo, e pedindo para achar o amiguinho. Acreditamos que as meninas apresentaram de forma coerente, com domínio do assunto e nos trouxeram uma brincadeira que pode sim ser aplicada para a Educação Infantil e com ampla opção de faixa etária.





Francieli Alves da Silva
Juliana Eleutério Ribeiro





REFERÊNCIAS:

FOUCAULT, Michel. Vigiar e Punir: nascimento da prisão; tradução de Raquel Ramalhete. Petrópolis: Editora Vozes, 1987.


http://www.biodanza.com.br/index_arquivos/Page439.htm

4 comentários:

Regiane disse...

A Educação Infantil é um lugar privilegiado para se falar de jogos e brincadeiras, segundo Rego, o jogo e a brincadeira são por si só, uma situação de aprendizagem. As regras e imaginação favorecem á criança comportamento além dos habituais. Nos jogos ou brincadeiras a criança age como se fosse maior que a realidade, e isto, inegavelmente, contribuem de forma intensa e especial para o seu desenvolvimento. Nesta brncadeira destaco o fato de todos participarem de forma simultânea, e não haver vencedores ou vencidos.
Regiane N.S. Espíndola

Gabriela de Amorim disse...

É super interessante perceber como são tratadas diferentes questões a partir de uma única proposta: os sentidos (Visão, Audição, Tato), insegurança/desconforto/aflição/ agonia/vergonha/ timidez, relação com as deficiências, afetividade, diferentes pontos de vista (quem pega e quem foge para não ser pego), tradição da brincadeira proposta, memórias de nossa infância, origem das brincadeiras em questão, imaginação/criatividade, linguagens das crianças, diferenças, estigma, preconceito social, indicação de ampliação da faixa etária, negligência do corpo/relação corpo e mente, ressignificação da percepção de mundo, interação/integração, modificação e criação de regras, significação social, intervenção do professor, brincar espontâneo, diversão, jogo/brincadeira aprendizagem por si só etc.

Fico feliz ao perceber a riqueza de debate que uma atividade prática nos proporcionou no espaço da disciplina. Mais que isso, o reconhecimento que não se trata de um espaço de esclarecimento total, mas de questões que ficam abertas, como as questões levantadas pela Mônica sobre a origem do nome da brincadeira e pela Camila sobre as práticas corporais, que proporcionam um repensar a cada novo contato com o tema. Evidenciando assim, a riqueza e a amplitude dos conhecimentos discutidos neste Blog.

Ira Munarim disse...

Fiquei curiosa com a abordagem da Biodança neste post. É mais uma forma de refletir sobre os sentidos e sensações, levantados pela dupla que propôs a brincadeira (que a Gabriela refoça acima). É uma reflexão que nos leva a pensar no cuidado que temos que ter para não tropeçar na dualidade corpo e mente. Fazemos parte do mundo e interagimos com ele numa relação diálogica, na qual a linguagem não fica restrita apenas ao ato de falar e pensar, mas de sentir, de se movimentar...

Regiane disse...

Só para constar a Bibliografia que esqueci de deixar no post acima:
REGO, T. C. Vygotsky: Uma perspectiva histórica-cultural da educação. 4.ed. Petrópolis. RJ: Vozes, 1997.

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